A coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, remeteu uma posição sobre a moção de rejeição do programa de Governo anunciada pelo PCP para quando conhecer o seu texto, reiterando que "nunca contarão com o BE para viabilizar" um executivo de direita.
Numa entrevista à CNN, Mariana Mortágua foi questionada se o BE acompanhará a moção de rejeição a um futuro programa de Governo da AD anunciada hoje pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
"Para já o que conhecemos é o programa eleitoral do PSD e esse é o programa eleitoral a que nos opomos e fizemos uma campanha a desconstruí-lo e a opor-nos a esse programa eleitoral. Sempre dissemos e mantemos: nunca contarão com o Bloco de Esquerda para viabilizar um Governo de direita", começou por responder.
No entanto, a líder bloquista sublinhou que os quatro mandatos pela emigração ainda estão por distribuir, as audiências do Presidente da República aos partidos estão a decorrer e "não há uma Assembleia da República em plena posse das suas funções e não há um Governo".
"Esperaremos para conhecer os textos e para decidir essas matérias. Gostava de conhecer o texto e acho que é um bom princípio conhecer o texto de projetos", respondeu, perante a insistência do jornalista.
Segundo Mortágua, "não é novidade nenhuma para ninguém que o Bloco de Esquerda rejeita o programa eleitoral do PSD", ressalvando no entanto que ainda não é conhecido o programa de Governo, executivo esse que ainda não existe, nem sequer pode ser conhecido o texto da moção de rejeição nesta altura.
"Gostaria de conhecer o texto antes de me pronunciar em nome do meu partido e dos seus órgãos", reiterou.
Questionada sobre a possibilidade de ainda poder haver um Governo de esquerda, a líder do BE afastou esta ideia porque os dados indicam, ainda sem os votos da emigração, para que o PSD e a AD sejam os mais votados, uma avaliação também feita pelo líder do PS, Pedro Nuno Santos, na noite das eleições legislativas.
"Isso são os mandatos que dizem. Ou há uma legitimidade para um Governo tomar posse e existir ou não há legitimidade e eu penso que nós não devemos confundir as pessoas e trazer confusão para uma situação que já em si é de enorme confusão. Tudo indica que PSD e AD terão condições para formar um Governo. É importante que os partidos à esquerda possam dialogar. É importante que comecem a trabalhar nessa mobilização", defendeu.
Sobre o repto que lançou - e que já foi aceite por todos os partidos - de ter reuniões com PS, PCP, Livre e PAN, Mortágua explicou que o objetivo é que estas forças partidárias "possam ter um diálogo e possam entender-se sobre o que é o programa da direita, impedir o avanço desse programa e sobre pontos de convergência que possam oferecer um horizonte ao país".
"Fiz esse repto desde o início da campanha, de que era necessário poder apresentar às pessoas um horizonte que fosse mobilizador do voto para uma maioria com a esquerda", recordou.
Para a bloquista, a responsabilidade "é que os partidos à esquerda se possam entender" e tenham "uma capacidade conjunta de encontrar entendimentos que mostrem ao país que há uma alternativa".
Em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa, Paulo Raimundo salientou esta manhã que o partido irá dar, "desde o primeiro minuto, combate à política de direita e aos projetos reacionários que se procuram afirmar e vai fazê-lo utilizando todos os meios ao seu dispor para esse combate".
"Não será pelo PCP que o projeto da direita será implementado", garantiu.
Questionado se o partido admite apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da AD, o líder comunista respondeu: "Com toda a clareza digo que sim".
Numa alusão aos restantes partidos de esquerda, Paulo Raimundo referiu que esta moção de rejeição é "um sinal claro que só obriga a quem a apresenta, mas outros também farão as opções que entenderem sobre essa matéria".