O ministro dos Negócios Estrangeiros francês responsabiliza Londres pelo bloqueio nas negociações entre a União Europeia e o Reino Unido sobre o seu futuro relacionamento após o Brexit, acusando o Governo britânico de intransigência e irrealismo.
“As negociações não avançam devido à atitude intransigente e francamente irrealista do Reino Unido”, lamentou Jean-Yves Le Drian durante um discurso aos embaixadores de França na Europa, ao lado de seu homólogo alemão, Heiko Maas.
O Reino Unido e a União Europeia rejeitam mutuamente a responsabilidade pelo bloqueio das negociações desta futura relação, que deve conduzir a um acordo antes de 31 de dezembro, sob pena de as relações comerciais entre ambos passarem a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Isso, se vier a ocorrer, poderá enfraquecer as economias já duramente atingidas pela pandemia do novo coronavírus. As discussões tropeçam, em particular nas condições da concorrência.
Para ilustrar as profundas divergências nessa área, o negociador-chefe da União Europeia para as relações futuras com o Reino Unido no pós-Brexit, Michel Barnier, deu o exemplo do transporte rodoviário, afirmando que os britânicos não querem que certas regras se apliquem aos seus motoristas quando viajassem ao continente europeu.
Já este mês, o Reino Unido acusou a União Europeia (UE) de estar a tornar as negociações da saída do bloco europeu “desnecessariamente difíceis”.
O negociador-chefe britânico, David Frost, criticou os 27 por quererem impor ao Reino Unido continuidade nas políticas de apoios estatais e pescas em Londres e por quererem um acordo sobre esses pontos antes de avançar em outros assuntos.
As negociações devem ser retomadas em 7 de setembro em Londres, cada vez mais perto do prazo estimado de outubro para um possível acordo poder ser ratificado a tempo por todos os 27 Estados-membros e Parlamento Europeu.
O Reino Unido saiu da UE em 31 de janeiro, mas as regras europeias continuam a ser aplicadas até 31 de dezembro, fim do período de transição. Na falta de um acordo de livre comércio, a partir de 2021 serão aplicadas as regras da Organização do Comércio do Comércio, o que implica a aplicação de controlos e taxas aduaneiras.