No seu primeiro mês de atividade, o Grupo Vita recebeu 23 novas denúncias de vítimas de alegados abusos cometidos por padres, vítimas adultas "cuja vivência abusiva aconteceu há muitos anos" e que, na sua maioria, são oriundas do Norte do país.
Em declarações à Renascença, esta terça-feira, a psicóloga Rute Agulhas, que coordena o Grupo Vita, criado pela Igreja Católica, sublinha que estas pessoas "nunca tinham falado antes sobre esta situação, nem com a ex-comissão independente".
O próximo passo é "marcar atendimentos online e presenciais para recolhermos alguma informação adicional e tentarmos perceber quais são as suas necessidades".
Na sua maioria, sublinha a responsável pelo Grupo Vita, estas pessoas "estão claramente a necessitar de um apoio psicológico e vão ser encaminhadas no mês de julho para os psicólogos da bolsa de profissionais que já constituímos" e que vão receber a primeira formação inicial no próximo dia 17 de julho.
Outros destes "sobreviventes" estão a necessitar de "uma reavaliação psiquiátrica ou mesmo de uma avaliação inicial, que nunca fizeram".
Num caso particular, uma vítima "está também com necessidades a nível social", adianta Rute Agulhas, que ressalta que, apesar de a maior parte das denúncias se referir a abusos que já terão prescrito, vão ser sinalizadas.
"Ao Ministério Público, com o devido consentimento destas pessoas, e algumas outras situações serão sinalizadas ainda esta semana à Igreja, para que possam ser iniciados os processos de investigação canónicos."
Quanto ao número de elementos do clero envolvidos, quantos estarão no ativo e quais as suas identidades, esses dados não serão revelados.
"Não vou revelar números relativamente a quantos estão no ativo. Posso dizer que alguns estão no ativo, outros não foi possível identificar, porque a própria vítima não sabe dizer, tem dúvidas ou não se recorda do nome em questão, o que não significa que não possamos, junto da Igreja, perceber se é possível chegar a essa identidade. Há depois outra situação em que, à partida, o suspeito já faleceu."
O Grupo Vita é o organismo criado pela hierarquia católica em abril para recolher e analisar queixas de abusos sexuais por elementos da Igreja, mas com autonomia de funcionamento. O objetivo é acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica.