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O Governo italiano concedeu esta segunda-feira cidadania ao bebé Alfie Evans, um menino de 23 meses que está internado num hospital em Liverpool, Inglaterra.
Com esta medida extraordinária – uma vez que ambos os pais de Alfie são ingleses e o rapaz nasceu em Inglaterra – o Governo espera convencer o Estado britânico a permitir que o rapaz seja transferido para um hospital em Roma que já aceitou acolhê-lo.
Alfie sofre de uma doença degenerativa, não diagnosticada, que o deixou num estado semivegetativo. Os médicos que o tratam consideram que se devia desligar o suporte de vida, mas os pais discordam. No Reino Unido, nestas situações o caso acaba por ser decidido nos tribunais, que têm dado razão sempre ao hospital.
Não é claro, por enquanto, se o argumento dos médicos se baseia no facto de o suporte de vida causar sofrimento a Alfie, ou se consideram que dado o seu estado e o facto de não haver possibilidade de cura, não vale a pena manter ligadas as máquinas que o ajudam a respirar.
O pai de Alfie tem sido o rosto da campanha para evitar que a máquina seja desligada, e a semana passada foi mesmo recebido pelo Papa. O Vaticano tem dado indicações públicas de apoio à sua causa e o hospital Bambino Gesù, em Roma, já disse que pode receber o bebé e tratá-lo até que morra de forma natural.
Mas agora é o próprio Estado italiano que está a interceder pela vida de Alfie. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Angelino Alfano, encontrou-se com o seu congénere britânico Boris Johnson, esta segunda-feira no Luxemburgo. Alfano elogiou o sistema de saúde britânico, mas deixou o repto da possibilidade de uma transferência, dizendo que “este hospital altamente avançado está bem equipado para lidar com este caso”. O ministro acredita que “uma decisão tomada por razões puramente humanitárias não poderá ser prejudicial”.
Também o Papa voltou a intervir, escrevendo num tweet "Emocionado pelas orações e imensa solidariedade demonstrada pelo pequeno Alfie Evans, renovo o meu apelo para que seja escutado o sofrimento dos seus pais e que seja concedido o seu desejo de procurar novas formas de tratamento".
Não é conhecida ainda qualquer resposta do Reino Unido.
Ainda esta segunda-feira, e depois de conhecida a resposta do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que rejeitou um segundo pedido da família Evans para analisar o caso, centenas de pessoas acorreram ao hospital para protestar.
A multidão chegou a tentar forçar a entrada no hospital, mas a polícia presente no local impediu-o. Os manifestantes concentraram-se então do outro lado da rua a entoar “salvem o Alfie Evans”.