Viktor Gyökeres e Mário Jardel têm mais em comum do que terem sido os autores da maior parte dos golos que ajudaram o Sporting a ser campeão. Sueco e brasileiro foram observados pelo Benfica, mas acabaram por assinar com rivais – Jardel acabou no FC Porto em 1996.
José Gaspar Ramos foi o responsável pela descoberta de "Super Mário" e indicou-o ao clube da Luz. Agora, a Bola Branca, explica porque o brasileiro acabou por não vestir de encarnado e faz um "paralelismo" com o homem da máscara.
"O Jardel foi um caso muito especial. Eu já não estava na estrutura, mas o Manuel Damásio, que era o presidente na altura, pediu-me para ir resolver uma situação que estava pendente e eu vi o Jardel. Ninguém o conhecia em Portugal. Entendi que era um excelente jogador e, quando cheguei, comuniquei ao Manuel Damásio, mas não havia dinheiro e o Benfica tinha um acordo com outro ponta-de-lança", explica Gaspar Ramos.
O que aconteceu depois é sobejamente conhecido: Jardel foi apresentado pelo FC Porto e foi o melhor marcador nesses três campeonatos, de 1996 a 1999, que culminaram com a conquista do 'penta'.
Na entrevista de balanço da época, o presidente encarnado assumiu que Viktor Gyökeres estava referenciado, "tal como centenas de jogadores". Rui Costa explicou que o Benfica nunca "precisou" do sueco porque tinha Gonçalo Ramos. Gaspar Ramos consegue estabelecer um paralelismo entre a "fuga" de Gyökeres e a de Jardel, mas compreende a opção e as explicações de Rui Costa.
"O Gyökeres estava na segunda divisão, à vista dos grandes clubes ingleses e nenhum manifestou interesse. O Benfica tinha o espaço preenchido e, se calhar, também não o conhecia assim tão bem. E o Sporting, quando o contratou, não esperava que tivesse uma exposição de tal modo positiva que hoje pudéssemos todos elogiá-lo", considera o antigo vice-presidente do Benfica, em declarações a Bola Branca.
E se corre mal? Rui Costa cada vez mais "responsável"
Sobre as restantes explicações do presidente do Benfica, Gaspar Ramos entende que fica mais exposto à crítica dos adeptos se os resultados não começarem a aparecer logo no início da época.
"Neste momento e face às posições que tomou, sobretudo depois da renovação [com Roger Schmidt], tem de assumir a posição com coragem. Tomou esta decisão, certamente tem as suas razões, e agora vai sofrer as consequências. Como benfiquista espero bem que não, se surgirem resultados negativos no início da época é complicado para os dois: treinador e presidente", atira o antigo dirigente das águias.
Gaspar Ramos não concorda com a ideia de que demitir Roger Schmidt fosse "começar do zero", como entende Rui Costa, e repete a ideia: se corre mal, o grande responsável é o presidente.
"É um pouco exagerado, mas é verdade que, com um treinador novo, inicia-se um novo projeto. É evidente que a continuidade deste treinador, depois de tudo o que se passou, é complicada. Não sei o que é melhor, mas é ele [Rui Costa] que vai assumir as responsabilidades e, por isso mesmo, se as coisas correrem mal, será ele o responsável".