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E ao 39º dia de guerra, o mundo foi confrontado com imagens chocantes das ruas de Bucha, nas imediações de Kiev. Segundo o presidente da Câmara , pelo menos 300 civis foram mortos e uma vala comum foi encontrada ainda aberta. As autoridades locais deram acesso a jornalistas, acompanhados pela polícia, para recolher imagens e relatos do local.
Vários jornalistas internacionais falam de um cenário devastador, com edifícios destruídos e corpos espalhados pelas estradas. As imagens recolhidas pela Reuters retraram isso mesmo: diversos corpos, alegadamente de civis, aparecem prostrados no chão, de cabeça para baixo, abandonados no local onde morreram. Há, igualmente, relatos de valas comuns e algumas imagens de vídeo que parecem mostrar corpos lá enterrados.
A indignação foi quase generalizada no Ocidente com responsáveis políticos e de organizações internacionais a demonstrarem repúdio e choque pelas imagens que chegaram da Ucrânia.
Mais tarde, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, falava de 410 corpos de civis encontrados em territórios da região de Kiev recentemente recuperados pelas forças ucraniana.
"Os peritos forenses já examinaram 140 deles", acrescentou a procuradora-geral durante uma emissão em vários canais de televisão ucranianos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, considerou que a Rússia "é pior que o Estado Islâmico", uma vez que "executou civis" por "ódio, por vontade de matar".
Estes factos, levaram o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a definir o que viu de forma peremptória: "Sim, é um genocídio. A eliminação de toda a nação. Nós temos mais de 100 nacionalidades. Trata-se de destruir e exterminar todas essas nacionalidades".
Posteriormente, anunciou que será criado um "mecanismo especial" para "investigar e processar" todos os crimes "dos ocupantes" do país, acrescentando que irá funcionar com base no trabalho conjunto de especialistas nacionais e internacionais.
O governante disse que os líderes russos deveriam ser responsabilizados pelos “assassinatos” e “tortura” em Busha, onde muitos civis foram mortos.
Por seu lado, a Rússia rejeita que tenha sido responsável pela morte de centenas de civis na zona de Kiev. Um comunicado do Ministério da Defesa russo " nega as acusações do regime de Kiev da suposta morte de civis na cidade de Bucha, região de Kiev".
"Todas as fotos e vídeos publicados pelo regime de Kiev supostamente atestando 'crimes' cometidos por militares russos na cidade de Bucha, na região de Kiev, são mais uma provocação”, denuncia o comunicado.
Na missiva concluem que "as fotos e os vídeos de Bucha são mais uma peça de teatro do regime de Kiev encenada para a media ocidentais, como também aconteceu em Mariupol com a maternidade, assim como em outras cidades".
Neste domingo, o Papa Francisco confirmou a disponibilidade para ir a Kiev, no caso de visita à Ucrânia “ajudar a melhorar a situação”.
O anúncio foi feito em pleno voo de volta da viagem a Malta, na tradicional entrevista coletiva que realiza no avião.
Francisco, segundo o El País, deixou a porta aberta para uma análise diplomática mais aprofundada sobre a conveniência de tal viagem.
“Estou disposto a fazer tudo o que puder ser feito. A Santa Sé na área diplomática está fazendo tudo, tudo”, ressalvou.
Ficámos ainda a saber através de Vladyslav Atroshenko, presidente da Câmara de Chernihiv, que pelo menos 70% da cidade foi destruída por ataques russos.
Perto da fronteira com a Rússia, em Kharkiv, as forças russas bombardearam a segunda maior cidade da Ucrânia, matando e ferindo várias pessoas, segundo o governador da região.
"À noite, os ocupantes bombardearam o distrito de Slobidsky, em Kharkiv", disse o governador Oleh Synyehubov no Telegram.
"Infelizmente, há mortos e feridos entre a população civil. Neste momento, há 23 vítimas, incluindo crianças. Os números estão sendo estabelecidos."