O autarca espanhol que acusou Sérgio Conceição de várias agressões num torneio jovem mantém a versão e revela, esta terça-feira, que vai denunciar o treinador do FC Porto e o filho Moisés por vários delitos, como "lesões", "ameaças" e "atentado à autoridade", entre outros.
Em conferência de imprensa, Manuel Barroso, alcaide de Cartaya, também critica o FC Porto por ter emitido um comunicado a defender o treinador "antes de se informar" e alega que, depois disso, recebeu ameaças de morte nas redes sociais, por parte de adeptos portistas.
"Tomámos a decisão de denunciar tanto o Sérgio, como o seu filho [Moisés Conceição]. Vamos levar a cabo a seguinte denúncia, por presumível delito de lesões à máxima autoridade do povo, delito de atentado contra a autoridade, delito de ameaças, delito de alteração da ordem pública. Também a polícia vai tramitar um expediente administrativo por alteração da ordem pública e instámos ao organismo correspondente a aplicar a lei do desporto da Andaluzia", declara.
Em causa estão os distúrbios ocorridos na final de sub-9 Gañafotes Cup, em Huelva, na Andaluzia, que o FC Porto perdeu para o Sevilha. No dia 25 de março, Manuel Barroso acusou Sérgio Conceição de o agredir, assim como a um árbitro e a um par de agentes da Guarda Civil.
O autarca também afirma que "é muito triste" que o FC Porto tenha emitido, na altura em que surgiram as acusações, um comunicado contra si e em defesa de Sérgio Conceição "sem se informar antes".
"Por causa deste comunicado do Porto, muitíssimos simpatizantes e adeptos do Porto ameaçaram de morte, nas redes sociais, este alcaide [o próprio Manuel Barroso], os seus filhos e familiares, com comentários desrespeitosos que também já estão nas mãos da justiça", queixa-se.
Manuel Barroso não só mantém a sua versão inicial do sucedido, como conta mais detalhes da altercação com Sérgio Conceição.
"A única coisa que faço é aproximar-me dele, porque era evidente que tinha a intenção de agredir o árbitro. Quando chego, aquele homem identifica-se como a máxima autoridade portuguesa. E eu, como não sabia quem era, disse-lhe automaticamente que até podia ser a máxima autoridade em Portugal, mas aqui não é ninguém para invadir o campo e muito menos para tentar agredir o árbitro do jogo", relata.
O autarca sublinha que "vai defender pela segurança do seu povo, seja contra quem for"e que não está "a atentar contra Sérgio porque é Sérgio".
"Estamos a atentar contra uma pessoa que não cumpre a lei, que faltou ao respeito a muita gente, que não atendia à razão quando se lhe chamou à ordem e que se pode dar por contente por não o termos detido nas imediações do campo", frisa Manuel Barroso.
O alcalde de Cartaya garante, ainda, que "nunca" foi agressivo e que só se dirigiu a Conceição e ao filho para defender o árbitro: "Não posso ficar de braços cruzados quando uma pessoa invade o campo e tenta agredir um árbitro que não tem culpa que duas pessoas não saibam comportar-se."
"Vamos aos tribunais e vamos demonstrar que este alcaide não mente e vai defender-se com quem tenha de se defender, sobretudo, pelo interesse do seu povo", termina Manuel Barroso, na declaração aos jornalistas.
Numa nota enviada à Renascença no dia em que a notícia dos distúrbios na Gafañotes Cup veio à Luz, Pedro Henriques, advogado do treinador do FC Porto, repudiou as acusações. Além de argumentar que tinha sido o autarca a agredir Moisés Conceição e que tinha sido Sérgio a "tentar separar a confusão", e deu conta da apresentação de queixa-crime contra Barroso por tentativa de agressão e denúncia caluniosa.
Também em declarações a Bola Branca, Manuel Barroso manteve a sua versão dos factos, exigiu pedido de desculpas e frisou: "Se o senhor Conceição quer continuar com este circo, vamos até ao fim."
Em comunicado - aquele de que o alcalde se queixa - , o FC Porto manifestou solidariedade para com o treinador, perante o que classificou como "notícias falsas" e uma "tentativa de assassinato de caráter".
No dia seguinte, em declarações aos jornalistas, no Olival, Sérgio Conceição confessou-se "muito triste" com as acusações declarou que está disposto a deixar o futebol para provar que não agrediu ninguém.
"Os meus advogados estão em Espanha, para tratar desta situação e fazer aquilo que têm a fazer. Se for preciso eu meter uma pausa no futebol, deixar o futebol para provar tudo aquilo que eu estou a dizer, eu deixo, porque a minha honra e aquilo que eu sou como homem e como pai é muito mais importante que qualquer carreira desportiva", disse.
O presidente do Conselho Diretivo do Instituto Português do Desporto e Juventude, Vítor Pataco, disse no mesmo dia, à Renascença, que "todos os agentes desportivos com exposição mediática", como Sérgio Conceição, são pessoas com "uma obrigação acrescida de serem exemplos".