O "patrão" do Facebook, Mark Zuckerberg, admite, numa entrevista ao editor do site de informação norte americano Vox, que o serviço de mensagens da rede social analisa todas as fotos e links partilhados.
De acordo com o CEO da empresa que detém também o WhatsApp e o Instagram, o Facebook analisa aquilo que os utilizadores partilham entre si na janela de ‘chat’ de forma a assegurar que o conteúdo cumpre as regras da plataforma.
“Recordo-me que, num sábado de manhã, recebi um telefonema e detetámos que estavam a espalhar mensagens sensacionalistas através do Facebook Messenger”, conta Zuckerberg no programa de podcast de Ezra Klein, editor da Vox. “Os nossos sistemas conseguiram detetar e impedimos que as mensagens continuassem a espalhar-se”, explicou o CEO do Facebook.
A revelação de Mark Zuckerberg levou vários utilizadores a questionar se as mensagens partilhadas não estavam a ser utilizadas também para fins comerciais. Contactado pela revista Bloomberg, o departamento de comunicação da rede social garantiu que os dados não são analisados para melhorar a venda de publicidade direcionada – o modelo de negócio da plataforma – mas sim para garantir que não há conteúdos impróprios ou que violem a as normas da rede social a serem partilhados no Messenger.
“Quando envia uma fotografia, o nosso sistema automático analisa-a e deteta se se trata de pornografia infantil, ou quando envia um link, nós verificamos se não tem ‘malware’ ou vírus”, revelou fonte do grupo à Bloomberg, que diz que as ferramentas foram desenvolvidas para que o “uso inapropriado da plataforma” fosse impedido de forma rápida e eficaz.
“O sistema de ‘scan’ do Messenger é “em tudo semelhante a muitos outros usados por empresas de internet nos dias de hoje”, acrescenta ainda a empresa.
O Facebook Messenger começou por ser um serviço de chat disponível dentro da rede social. Em 2014 tornou-se um serviço independente, que ainda pode ser utilizado se estiver a aceder ao Facebook através de um computador. No telemóvel, é preciso ter a aplicação instalada.
Os serviços de mensagens através da internet são muitas vezes apontados como uma das principais formas de acesso a informação privada na internet, já que o facto de estarem numa conversa entre duas pessoas faz com que muitos utilizadores acreditem que a sua privacidade está salvaguardada. No entanto, a empresa que fornece o serviço consegue, na maior parte das vezes, aceder a esses dados.
O WhatsApp, outro serviço de partilha de mensagens privadas entre utilizadores do mesmo grupo, vem já com o serviço de encriptação de mensagens ativo – algo que dificulta o acesso às mensagens por parte das autoridades, mas também da empresa que detém o serviço. No Facebook Messenger, as mensagens encriptadas não estão ativas por defeito.