O Governo quis mostrar abertura, ser “simpático”, ao aliviar as restrições da pandemia no período natalício. Mas as intenções do executivo de António Costa saíram furadas, tudo indica, agora que o país se prepara para voltar a confinar.
“Diria que [o Governo] tentou ser simpático, mas o vírus não é nada simpático. E, infelizmente, temos muita gente que passou o último Natal da sua vida [em 2020]”, confessou Fausto Pinto, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em declarações à Renascença este sábado.
Segundo Fausto Pinto, faltou coragem ao Governo para aplicar restrições ao período do Natal.
“Acho que tem que que haver aqui um exercício de humildade, para perceber que as medidas não foram adequadas se o resultado é mau. O o resultado é mau e vai piorar, não tenho dúvida nenhuma. Se temos 10 mil pessoas infetadas por dia durante três ou quatro dias, a matemática não falha aqui. Vamos ter uma pressão muito complicada nos próximos tempos”, disse.
O Serviço Nacional de Saúde já não está a aguentar a pressão, face ao agravamento da situação epidemiológica em Portugal, alertou ainda Fausto Pinto.
“Como alertamos ao longo deste período, cada vez que não estando a situação estabilizada se vão aliviar medidas, obviamente que isso tem consequências. E sobretudo quando sabemos o que se está a passar ao nível hospitalar e ao nível de pressão do SNS. Portanto, ao haver algum alívio de algum tipo de medidas que, infelizmente, são aquelas que têm algum resultado, isso tem consequências. Aquilo que estamos a observar agora é triste, é lamentável, mas não é de nada inesperado para nós que acompanhamos isto com bastante cuidado”, afirmou.