A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, pediu esta segunda-feira a demissão da ministra da Administração Interna e do ministro da Defesa Nacional, considerando-as “inevitáveis” porque estes governantes "não souberam estar à altura das suas responsabilidades" no incêndio de Pedrógão Grande e no furto de armas de guerra em Tancos.
"Estes ministros não souberam estar à altura das suas responsabilidades, as demissões são inevitáveis e temos de o dizer sem hesitações e sem rodeios: senhor primeiro-ministro, volte e demita-os", exigiu Assunção Cristas, após ser recebida, a seu pedido, em Belém pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Falando aos jornalistas na sede do CDS, em Lisboa, a líder centrista argumentou que, após a tragédia de Pedrógão Grande e o furto de armamento em Tancos, há "uma crise de autoridade, há uma crise de comando" e há "uma crise de confiança" e esta "só será resolvida com a demissão destes ministros".
O CDS é o primeiro partido a pedir a demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, depois do incêndio de dia 17 de Junho em Pedrógão Grande, que provocou 64 mortos, e do ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, após o furto de armamento em Tancos.
"Estamos convencidos de que não é possível restaurar a quebra de confiança que neste momento existe nas instituições do Estado na área da segurança, da protecção das pessoas e da soberania e restaurar a nossa credibilidade internacional sem que haja uma alteração nos titulares das pastas nestas duas áreas e foi isso que nós transmitimos ao senhor Presidente da República", sustentou Assunção Cristas.
Para o CDS, "num e noutro caso, o Governo tem fugido às suas responsabilidades e mostra-se incapaz de assumir os erros e tirar conclusões", o mesmo que "é rápido a mandar testar a sua imagem e popularidade".
"Esperámos uma atitude firme por parte dos ministros em causa ou do primeiro-ministro, assumindo as suas responsabilidades e respectivas consequências políticas. Não o fizeram. Instámos o primeiro-ministro a retirar essas consequências. Não o fez. Passaram-se dias de um silêncio ensurdecedor", declarou.
A líder centrista defendeu que "o que se passou nas últimas semanas em Portugal ultrapassou todas as marcas".
"Quando os portugueses mais precisavam de um Estado que os protegesse, o Estado falhou. Falhou e tarda em assumir que falhou, escondido nas contradições dos governantes, escudado na barafunda dos serviços, disfarçado num primeiro-ministro que só faz perguntas e que se limita a ter ‘curiosidade' nas respostas", argumentou.
A presidente do CDS-PP defendeu que o primeiro-ministro não deve esperar pelo final da época mais crítica de incêndios ou de que mais material militar seja furtado.
Assunção Cristas referiu que, "ainda antes do incêndio de Pedrógão e do furto de material militar", já tinham sido conhecidos "episódios preocupantes", nomeadamente "a insegurança no aeroporto de Lisboa e o furto de pistolas à PSP".
“Envergonhados” pelos espanhóis
Acerca do furto em Tancos, Cristas frisou que o ministro assumiu a responsabilidade política, mas sem "retirar qualquer consequência disso".
"Sinalizámos a ausência de qualquer palavra por parte do primeiro-ministro numa matéria tão grave quer interna quer externamente. Sentimo-nos envergonhados quando um jornal estrangeiro publica a lista do material furtado", afirmou.