Foi durante a manhã desta terça-feira que arrancaram um conjunto de diligências da Polícia Judiciária (PJ) que, mais tarde, viria a saber-se que estavam enquadradas na Operação Babel.
Foram realizadas 55 buscas nas autarquias de Porto e Vila Nova de Gaia, assim como no Metro do Porto e "diversos serviços de natureza pública, bem como a empresas relacionadas com o universo urbanístico".
Ao todo, estão constituídos 12 arguidos, dos quais sete foram detidos, esta terça-feira.
Entre eles, destacam-se Patrocínio Azevedo, vice-presidente da Câmara Municipal, que detém o pelouro do Planeamento Urbanístico e Política de Solos, Licenciamento Urbanístico, Obras Municipais e Vias Municipais.
O CEO do grupo Fortera, Elad Drod, também é um dos detidos desta terça-feira. O grupo, com capitais israelitas, vai construir em Vila Nova de Gaia o edifício mais alto do país, batizado de Skyline.
A detenção do responsável da Fortera, que conta com capitais israelitas, foi, no entretanto, confirmada à Agência Lusa por fonte judicial, acrescentando que um segundo empresário detido já o havia sido no âmbito da "Operação Vórtex", ao abrigo da qual o ex-presidente da Câmara de Espinho Miguel Reis se encontra em prisão preventiva.
A autarquia do Porto esclareceu que não foi visada nas buscas, mas sim "empresas privadas com processos urbanísticos a tramitar na Câmara Municipal do Porto".
Já a Câmara de Gaia garantiu que, "como é evidente, todos os elementos foram fornecidos" [à PJ] e que o presidente da câmara municipal, Eduardo Vítor Rodrigues (PS), "deu indicação expressa aos serviços para a cedência de todos os elementos necessários às averiguações legais".
Segundo a autarquia, "as questões ficaram devidamente documentadas, mantendo-se os serviços em disponibilidade total para colaborar com a Justiça e com a investigação".
No terreno estiveram magistrados do DIAP Regional, 130 investigadores criminais da Diretoria do Norte e de diversas unidades orgânicas da Polícia Judiciária, bem como peritos informáticos e financeiros desta Polícia, contando com o apoio da Unidade de Segurança da PJ.
Segundo comunicado da PJ, a Operação Babel "centra-se na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário".
De acordo com a Judiciária, no decurso das diligências foram apreendidos elementos documentais e digitais relativos à prática dos factos com possível alcance probatório.
Os detidos vão ser presentes ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação.