Carlos Melo Brito, membro do Conselho Superior do FC Porto, considera “abusivo” considerar que André Villas-Boas quer ser presidente dos dragões para “dar dinheiro a ganhar a outros”.
O professor universitário interpretou as palavras de Pinto da Costa no evento de recandidatura, onde acusou o antigo treinador de querer fazer do FC Porto um entreposto de negócio, apenas como “um bom argumento eleitoral”.
“Penso que seria um bocadinho abusivo dizer que o André Villas-Boas vai dar-lhe dinheiro a ganhar outros. Penso que é um apelar à emoção, à defesa dos valores tradicionais do FC Porto. Para mim, não é muito relevante, porque é normal. Se não forem pessoas A a ganhar, serão pessoas B”, aponta, em entrevista a Bola Branca.
Melo Brito vê a recandidatura de Pinto da Costa como “uma ação de coragem” de um presidente que “não é pessoa para fugir à luta”. Ainda assim, a confirmação de este será o último mandato pode ter várias interpretações.
“Admito que é ele tenha tomado consciência de que chegou ao fim um ciclo e que da próxima vez não irá candidatar-se. Quem sabe até abrindo a porta ao atual candidato alternativo, André Villas-Boas”, acredita.
Relação com Madureira “deve ser esclarecida”
Nestas declarações à Renascença, Carlos Melo Brito urge o presidente Pinto da Costa a “esclarecer” a relação que mantém com Fernando Madureira, líder da claque “Super Dragões”, detido na sequência da Operação Pretoriano.
O presidente, agora recandidato, voltou a referir-se a Madureira como “amigo” durante apresentação da candidatura, contradizendo declarações anteriores. O membro do Conselho Superior do FC Porto admite que “há aí alguma alteração do discurso”, que deve ser motivada “pelo período eleitoral”.
“Acho que é importante esclarecer [a relação que o clube e o presidente mantêm com Fernando Madureira]. Caso não haja um esclarecimento cabal, admito que os sócios tirem daí as suas conclusões, portanto, alguma coisa terá de ser dita, pelo presidente ou por alguém da sua equipa”, avisa.
Eleições “não estão ganhas”
Com a recandidatura de Pinto da Costa anunciada e a campanha já em movimento, Melo Brito alerta os candidatos: “nenhuma das partes deve considerar que as eleições estão ganhas”.
“Se o fizer, esse é o primeiro passo para perder as eleições”, conclui.