A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, apontou esta quinta-feira a luta contra a quebra demográfica como uma prioridade do seu Governo e reafirmou o seu compromisso com a NATO.
"A questão demográfica é para nós uma prioridade absoluta e é também, para nós, uma questão económica. Consideramos a questão do apoio à paternidade uma prioridade e, por isso, a tributação também deve ser tida em conta", disse Meloni, durante uma conferência de imprensa de fim de ano.
Recentemente, o Governo italiano nomeou um ministro da Família, com o mandato específico de procurar aumentar a taxa de natalidade no país - que tem assistido a quedas significativas, nos últimos anos -- bem como de ajudar as mães trabalhadores, através de benefícios fiscais e melhores creches.
Giorgia Meloni, que lidera uma coligação de partidos de direita e de extrema-direita, confirmou ainda o seu compromisso na contribuição para a NATO.
"Confirmo a disposição da Itália para cumprir os compromissos assumidos", disse a primeira-ministra, referindo-se à a contribuição da Itália com a Aliança Atlântica, embora sem se comprometer com números ou prazos.
Sobre a reforma fiscal, Meloni disse que pretende reduzir os impostos sobre o trabalho e manter os impostos na área da habitação.
Em relação à reforma institucional -- após ter prometido dar à Itália um sistema presidencial ou semi-presidencial, ao estilo francês -- Meloni disse manter as suas intenções e lembrou que os partidos que suportam o Governo apresentaram recentemente um projeto de lei para introduzir a eleição direta dos Presidente italianos (substituindo o atual modelo em que o Presidente é escolhido pelo Parlamento).
"Precisamos de governos que sejam fruto de uma clara vontade popular", explicou a primeira-ministra italiana.
Na sequência de uma polémica em que Meloni era acusada de ser herdeira do partido neofascista do pós-guerra, Movimento Social Italiano (MSI), Meloni assumiu que esta força partidária teve um papel importante na história italiana, mas disse que o seu partido (Irmãos de Itália) traçou um caminho próprio e não é um partido antissemita.
"Acredito que o MSI teve um papel na história republicana, ao transportar para a democracia milhões de italianos que saíram derrotados da (Segunda Guerra Mundial)", disse Meloni, acrescentando que "foi um partido da direita republicana, participou nas eleições para a presidência da Itália, esteve plenamente presente na dinâmica democrática".
Em plena crise energética na Europa, Meloni assegurou que as cidades do sul da Itália estão satisfeitas com o desenvolvimento de um gasoduto que vai permitir ao país não depender do gás russo.
"Estamos a trabalhar para resolver o problema da autonomia energética, com a construção de mais gasodutos no centro e sul da Itália", prometeu a primeira-ministra.
Falando sobre política externa, Giorgia Meloni disse que avisou hoje mesmo o regime iraniano sobre a necessidade de travar a repressão sobre uma onda de protesto que dura há várias semanas, desde que uma jovem curda foi morta pela polícia após ter sido detida por causa do seu vestuário.
"O que está a acontecer no Irão é inaceitável. (...) Teremos uma abordagem de diálogo, mas se a repressão não cessar, a atitude de Itália será mais forte", avisou a primeira-ministra italiana.