O balanço recente da Organização Internacional das Migrações (OIM) revela que mais de 110 mil migrantes e refugiados alcançaram a Grécia e a Itália desde o início do ano.
O relatório, divulgado esta terça-feira, contabiliza 97.325 pessoas que chegaram às ilhas gregas e 7.507 a Itália.
“Mais de 410 morreram no mesmo período. A rota do Mediterrâneo, que depois os leva da Grécia à Turquia, continua a ser a mais mortal”, pode ler-se no mesmo texto.
Só esta terça-feira, a Marinha italiana anunciou ter resgatado
mais de 700 migrantes no mar entre a Tunísia e a Sicília. Os seis barcos onde
viajavam estavam a meter água.
Já o director executivo da agência europeia de gestão de fronteiras – Frontex previu que continuarão a chegar em massa à Europa refugiados e requerentes de asilo porque se mantêm as razões que os levam a fugir dos seus países.
Fabrice Leggeri apontou a guerra civil na Síria - país de origem de 40% das pessoas que actualmente pedem asilo na Europa - e as dificuldades económicas e políticas nos Balcãs e em "muitos países de África" como as razões geopolíticas para a sua previsão.
"Os prognósticos são sempre difíceis", admitiu o responsável da Frontex, acrescentando que se o número de migrantes este ano for igual a 2015, então 2016 será "um ano mau".
Leggeri falava numa conferência de imprensa em Berlim em que avaliou a situação actual da Europa perante a crise de refugiados. "O desafio manter-se-á", afirmou, referindo-se ao maior afluxo de refugiados no continente europeu desde a II Guerra Mundial.
Mais de um milhão de migrantes chegaram à Europa no ano passado, naquela que é a pior crise migratória, nesta região, desde a Segunda Guerra Mundial, dos quais 27% são crianças, estima a Europol. Segundo os dados da agência de polícia europeia, mais de dez mil crianças não acompanhadas desapareceram na Europa entre 18 e 24 de Dezembro passado, adiantou que, em 2015.
No total, 1.000.573 chegaram à Europa por mar e 3.735 morreram, tentando cumprir a perigosa travessia, indicou o Alto Comissariado dos Refugiados (ACNUR). A maioria dos migrantes (84%) é proveniente de dez países, com a Síria a liderar - representando a nacionalidade de quase metade (49%) -, seguindo-se o Afeganistão (21% dos migrantes) e do Iraque (8%).
Os outros países de origem são Eritreia, Paquistão, Nigéria, Somália, Sudão, Gâmbia e Mali.
Expulsões e confisco de bens não param migrantes
Multiplicam-se as barreiras à entrada de pessoas no espaço europeu.
O parlamento dinamarquês aprovou uma nova lei de imigração que inclui algumas medidas polémicas, nomeadamente o direito de a polícia passar a revistar todos os requerentes a asilo e de lhes confiscar dinheiro ou bens de valor superior a 1.340 euros.
A legislação prevê algumas excepções, como bens que tenham "elevado valor sentimental", como é o caso das alianças de casamento.
As autoridades alemãs tomaram uma medida semelhante. Segundo o jornal "Bild", os métodos já estão a ser aplicados em dois estados do sul: a Baviera e o Bade-Vurtemberga. As normas aplicadas apoiam-se numa lei nacional que decreta que todos os refugiados e solicitantes de asilo devem, primeiramente, recorrer aos próprios bens e só depois usufruir da ajuda do Estado.
Já na Suíça, de acordo com a imprensa local, os refugiados que entrem no país têm de entregar às autoridades todos os bens de valor superior a 1.000 francos, pouco mais de 900 euros - uma prática corrente há vários anos. Para reaver esse dinheiro ou bens, a pessoa em causa deve abandonar a Suíça no espaço de sete meses, caso contrário, a verba é deduzida nas despesas associadas aos pedidos de asilo e de assistência social.
A Suécia reverteu a política de integração de migrantes e deu ordens para repatriar entre 60 mil e 80 mil das 163 mil que recebeu durante todo o ano passado.
Pouco depois, a Finlândia anunciou que iria deportar quase 20 mil migrantes que não cumprissem os requisitos para ter asilo. A medida deverá abranger 62% de todos os migrantes que entraram o ano passado.