Ministra emociona-se a fazer balanço. Portugal teve quatro picos de mortalidade, dois explicados pela Covid
11-12-2020 - 15:44
 • Lusa

Explicações para a mortalidade foram avançados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge numa sessão durante a qual a ministra da Saúde não conseguiu conter as lágrimas.

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O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) registou quatro picos de mortalidade em Portugal desde a chegada da pandemia de Covid-19 a Portugal, segundo a análise apresentada esta sexta-feira pela epidemiologista Ana Paula Rodrigues.

Na intervenção intitulada "Resposta à epidemia de SARS-CoV-2: da monitorização da serologia à monitorização da mortalidade", a médica de saúde pública explicou que, de acordo com os dados disponíveis até 7 de dezembro no indicador de mortalidade por todas as causas, os quatro períodos – no qual o último ainda está a decorrer - foram responsáveis por 5.763 mortes em excesso face ao que estava estimado.

O primeiro período durou três semanas e ocorreu entre 22 março e 12 de abril, em plena primeira vaga da pandemia no país, em que se registou um excesso de mortalidade de 1.057 óbitos, “16% acima do esperado”, referiu Ana Paula Rodrigues.

O segundo pico de mortalidade foi o mais curto e durou apenas uma semana, entre os dias 25 e 31 de maio, do qual resultaram 363 mortes, 19% a mais face às estimativas para essas datas.

Já o terceiro período foi aquele que superou em maior dimensão as previsões de mortalidade, ao representar 2.199 mortes e 30% de excesso relativamente às expectativas, tendo sido observado entre 6 de julho e 2 de agosto.

Finalmente, a investigadora referiu que o derradeiro pico de mortalidade “é coincidente com a intensidade da onda pandémica e ainda está a decorrer”. Segundo a análise do INSA, este período é já o mais longo dos picos de mortalidade, com uma duração de seis semanas, e começou a partir de 26 de outubro, registando até 06 de dezembro um excesso de 16% e 2.144 mortes em relação às previsões.

Ana Paula Rodrigues abordou ainda na sua apresentação o inquérito serológico nacional, revelando que o INSA planeia “realizar durante quatro a seis semanas o segundo momento de trabalho de campo deste estudo”, apontando para “final de janeiro e início de fevereiro”.

Ministra emocionada enaltece trabalho do INSA

Nesta sessão, a ministra da Saúde, Marta Temido, enalteceu o trabalho do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) no combate à pandemia de Covid-19 ao longo dos últimos nove meses em Portugal.

No discurso de encerramento do dia comemorativo desta instituição, a governante chegou mesmo a emocionar-se e a não conter as lágrimas.

“O INSA está presente, fiável, competente, respeitado a qualquer hora. Sempre”, afirmou Marta Temido, sublinhando: “Diariamente, nos nossos emails e grupos de Whatsapp; quinzenalmente, nas nossas reuniões técnicas com partidos; tantas vezes nos nossos meios de comunicação social, nas nossas casas e junto do nosso grande público, através de estudos, projetos, parcerias, colaborações, investigação e metodologias diversas que têm contribuído em muito para a resposta a esta pandemia no nosso país”.

A titular da pasta da Saúde vincou o papel “nuclear” do INSA na “coordenação da rede laboratorial de diagnóstico da Covid-19”, através da qual “foram criados sistemas de suporte de registo de informação, avaliação da capacidade de realização de testes e uma reserva estratégica de material e reagentes para o diagnóstico laboratorial” da infeção provocada pelo novo coronavírus.

Sem deixar de considerar a pandemia de Covid-19 “o desafio das nossas vidas” e cuja resposta “obrigou a sacrifícios sem precedentes”, Marta Temido reiterou a gratidão do Ministério da Saúde ao INSA pela “solidariedade” e pelo “combate à desinformação” e destacou a instituição como “uma jóia da coroa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do sistema científico” português.

Por outro lado, a ministra não ignorou o alerta do presidente do conselho diretivo do INSA, Fernando de Almeida – que, minutos antes, avisara para o “desafio da renovação, reforma e reposicionamento na sociedade portuguesa” e defendera ser “essencial” uma nova orgânica -, assegurando que o Ministério da Saúde não vai deixar de promover o seu desenvolvimento.

“Está em curso o roteiro para a reforma do INSA e que é o grande desafio que espera por nós lá fora. Queremos e esperamos um INSA ainda mais competitivo e que mantenha o nível de qualidade a que habituou o Ministério da Saúde e o país. Estou certa de que o futuro vai reservar promissoras oportunidades de sucesso”, vaticinou.

Portugal contabiliza pelo menos 5.278 mortos associados à Covid-19 em 335.207 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).