A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins e o líder do Chega André Ventura protagonizaram um debate tenso, marcado pelo tema da corrupção.
Naquele que foi o segundo frente a televisivo, no âmbito da campanha para as eleições legislativas, o tema da corrupção foi lançado por Catarina Martins com a coordenadora do Bloco de Esquerda a acusar a “extrema-direita de nunca ter feito nada para combater a corrupção”.
Quando chegou a vez de Ventura tomar a palavra, o líder do Chega garantiu ter sido o partido que apresentou no Parlamento o maior número de propostas de combate à corrupção e acusou o BE de ter chumbado várias, entre os quais a proposta de duplicar as penas dos crimes de corrupção ou a constituição de uma comissão que investigasse o financiamento dos partidos.
Por seu lado, Catarina Martins acusou o Chega de apoiar medidas como os vistos gold, acusou a direita de "defender sempre o poder financeiro" e lembrou que "quem beneficiou de milhões no negócio das barragens ou estava escondido num hotel na África do Sul não foi nenhum beneficiário do RSI ou um pensionista pobre".
Catarina Martins pretendia fazer a defesa dos beneficiários do Rendimento Social de Inserção e de quem aufere pensões baixas. André Ventura atacou esta posição afirmando que "há bombeiros e polícias que ganham 200 euros de pensão depois de uma vida de serviço ao país e o Bloco de Esquerda quer dar 700 euros a quem chega do Mediterrâneo com um telemóvel na mão".
Acordos à esquerda ou à direita?
Sobre a possibilidade acordos que permitam viabilizar o Governo que for eleito, a coordenadora do Bloco de Esquerda deixou claro “que não negoceia com a direita”, mas que está disponível para “construir soluções para o futuro” com o Partido Socialista, embora rejeitando “situações de pântano”.
Já André Ventura considera que “discutir soluções de apoio quando os portugueses ainda não votaram é um pouco precoce”, mas garante que tudo fará “para tirar António Costa do poder”.
Troca de insultos
Por diversos momentos, os dois candidatos trocaram insultos mais pessoais. Logo no início do debate, André Ventura garantia ter mais experiência no combate à corrupção. "Enquanto Catarina Martins era atriz, eu era inspetor tributário", atirou. Ventura acusou a bloquista de ser mentirosa, dizendo, em tom irónico, que é "uma excelente atriz".
Do lado de Catarina Martins, que nunca chamou André Ventura pelo nome dirigindo-se a ele como "o candidato da extrema direita", chegou a dizer que Ventura “é mais previsível que um disco riscado”.
Também em tom irónico, Catarina Martins disse "esperar que o candidato da extrema direita me acuse de raptar o Pai Natal". Já André Ventura troçou de Catarina Martins quando esta, pela segunda vez, citou o Papa Francisco: "tornou-se muito religiosa".