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O presidente da Câmara de Lisboa desvaloriza as críticas ao projecto da autarquia para a 2ª Circular, assegurando que tem havido mais vozes favoráveis do que contra a intervenção, que inclui alterações em nós de acesso e na velocidade.
"Tem havido críticas ao projecto, mas tem havido muito mais vozes na defesa do projecto e é precisamente esse o objectivo de uma consulta pública: é ouvir as opiniões das várias pessoas sobre o projecto [...] para, com base nessa opinião, podermos adaptar, melhorar e incorporar os contributos que surjam para a melhoria do nosso projecto", afirmou Fernando Medina, que falava em conferência de imprensa nos Paços do Concelho sobre o plano "Pavimentar Lisboa", no qual se insere a pavimentação da 2ª Circular.
O autarca socialista salientou que "há aqueles que não leram o projecto e que criticam aspectos que não estão" no plano, tais como a redução do número de faixas (que não está prevista), a alteração da largura das vias (que já existe numa parte da estrada, mas será aplicada noutras zonas) e a criação de ciclovias (que também não está prevista).
"A transformação da 2ª Circular numa ‘boulevard’, [...] infelizmente não é o nosso projecto. A 2ª Circular vai continuar a ser uma via viária que vai servir automóveis. Queremos que, naturalmente, sirva a melhoria da qualidade de vida da cidade, mas não [...] vão circular pessoas nem vai ter lojas nem parques infantis", assegurou, recusando a ideia de transformar a 2ª Circular numa avenida.
Até à próxima sexta-feira está em consulta pública no site da Câmara de Lisboa o projecto da maioria socialista no executivo para a 2ª Circular, que visa diminuir o tráfego de atravessamento na 2ª Circular através da reformulação de alguns acessos e dos nós de acesso ao IC19 (itinerário complementar) e à A1 (auto-estrada), encaminhando o trânsito para a CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa).
"O número de entradas e saídas [são 31 ao todo] e a forma como elas estão desenhadas não permitem que os carros entrem com segurança na 2ª Circular nem saiam em segurança. É um perigo para quem entra e um perigo para quem circula e simplesmente haver esses nós e essas configurações cria atrasos [...] e engarrafamentos. Este projecto, o que faz, é resolver esses problemas", sintetizou Medina.
Prevê-se também a implantação de um separador central maior e arborizado, a redução da largura das vias, a montagem de barreiras acústicas, a reabilitação da drenagem, a renovação da iluminação pública e sinalética e a redução da velocidade, de 80 para 60 quilómetros/hora.
Falando sobre a intenção de o Automóvel Club de Portugal avançar com uma providência cautelar para contestar o projecto e das críticas da oposição na Câmara (PSD e CDS já disseram que vão votar contra), Fernando Medina frisou: "Estamos num Estado de direito, cada um coloca como coloca, mas [...] também não me esqueço do calendário no qual estamos a entrar e em que muitas das críticas se inserem e têm espaço de debate político-partidário".
"Este projecto vai avançar", assegurou o responsável, referindo que nem o facto de a intervenção "não ter avançado no passado" vai demover a autarquia.
Medina recordou ainda que a obra está prevista no Plano Director Municipal de 2012 e está relacionada com a conclusão da CRIL.
Estima-se que as obras custem 10 milhões de euros e se iniciem no primeiro semestre deste ano.
Já em 2010 o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, defendeu que era necessário redesenhar a Segunda Circular, uma vez que a via estava "cada vez mais transformada numa grande auto-estrada" com "poucas entradas e saídas".
"Com a conclusão da CRIL, é possível transformar a Segunda Circular numa via de carácter mais urbano, mais próximo do conceito de `boulevard`. Há uma série de oportunidades a estudar", referiu na altura à Lusa.