A Ucrânia anunciou a retirada de 138 pessoas, incluindo 87 ucranianos, do Sudão para o Egito, devido ao conflito entre o exército e paramilitares que causou centenas de mortos nos últimos dez dias.
"Um total de 138 cidadãos foram resgatados", incluindo "87 ucranianos, a maioria especialistas em aviação - pilotos, técnicos e seus familiares", bem como "cidadãos da Geórgia e do Peru", publicou no Telegram o principal departamento de inteligência do Ministério da Defesa. .
De acordo com o departamento essas pessoas encontram-se "atualmente no Egito".
Também hoje o ministro paquistanês dos Negócios Estrangeiros anunciou a retirada de 700 cidadãos da capital do Sudão, Cartum, com a saída de um comboio transportando 211 paquistaneses, ajuntar aos que já tinham sido transportados na segunda-feira.
Segundo ministério, antes desta operação estavam no Sudão 1.500 paquistaneses.
A Índia retirou hoje de 278 cidadãos, a bordo de um navio da Marinha que os levará à cidade saudita de Jeddah, informou o porta-voz do ministério da Índia, Arindam Bagchi, numa publicação na rede social "Twitter".
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi quantificou na semana passada que mais de 3.000 indianos residem no Sudão.
As operações de retirada de cidadãos indianos do Sudão iniciaram-se na segunda-feira, com o envio de dois aviões militares a Cartum e um navio da Marinha a Porto Sudão.
De acordo com o último balanço divulgado pela agência France-Press (AFP) dezenas de países estão a retirar cidadãos, aproveitando um cessar-fogo de 72 horas decretado pelos beligerantes.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou que até ao final do dia de segunda-feira foram retirados mais 1.200 cidadãos dos europeus dos cerca de 1.500 que viviam no país em conflito.
A França retirou 538 pessoas e uma fragata francesa atracou hoje em Porto Sudão para transferir cerca de 500 funcionários das Nações Unidas para Jeddah.
A Alemanha retirou 400 pessoas de origem alemã, austríaca, belga ou jordaniana, a Itália cerca de 200 pessoas, a Suécia retirou os seus diplomatas e cidadãos, bem como dez finlandeses, incluindo crianças, refere a AFP.
Espanha retirou cerca de 30 pessoas de várias nacionalidades e 25 austríacos, nove romenos, cinco húngaros e 21 búlgaros foram retirados com a ajuda de outros países.
Holanda, Grécia, Irlanda, Reino Unido e Turquia iniciaram também operações de repatriamento.
Entre os países árabes já resgataram cidadãos o Egito (436), Líbia (105), Marrocos (200), Arábia Saudita (91 sauditas e 60 cidadãos de 12 outros países), Jordânia (343 jordanianos, palestinos, iraquianos, sírios e alemães) e o Líbano (52).
O governo do Mali tem prevista para hoje a retirada de 69 pessoas, a Nigéria prevês retirar esta semana cerca de 3.000 cidadãos, a maioria estudantes, e, o Chade aguarda a saída de um comboio com 438 chadianos .
No que respeita a países asiáticos, o Japão anunciou hoje ter retirado todos os seus cidadãos que queriam deixar Cartum; as Filipinas previam retirar 700 filipinos na segunda-feira; Seul retirou 28 cidadãos e a china resgatou um primeiro grupo de pessoas, não quantificadas.
Na Indonésia, o Governo afirmou estar a tomar "todas as medidas necessárias para resgatar os cidadãos indonésios do Sudão", segundo a AFP.
Os Estados Unidos, que iniciaram as operações na noite de sábado, retiram os seus diplomatas e cerca de 100 pessoas.
Na segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, afirmou que dos 22 portugueses que se encontravam no Sudão, 21 manifestaram a intenção de sair e apenas um optou por ficar no país africano.
Gomes Cravinho esclareceu que há várias missões de retirada de pessoas do Sudão, nas quais estão a sair cidadãos portugueses.
Os violentos combates, iniciado no dia 15, no Sudão opõem forças do general Abdel Fattah al-Burhan, líder de facto do país desde o golpe de Estado de 2021, e um ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
O balanço provisório do conflito indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os confrontos começaram devido a divergências sobre a reforma do exército e a integração das RSF no exército, parte do processo político para a democracia no Sudão após o golpe de Estado de 2021.