A Ordem dos Enfermeiros vê como um sinal positivo o reforço orçamental na saúde anunciado pelo Governo, considerando que é um reconhecimento dos problemas que têm sido denunciados pelos profissionais.
A bastonária Ana Rita Cavaco alerta que "não basta atirar dinheiro para cima dos problemas", sendo necessário reformular e reorganizar as formas de trabalho.
"A Ordem dos Enfermeiros vê como um sinal positivo [o reforço orçamental de 800 milhões de euros]. No fundo é o reconhecimento do que andámos a denunciar durante quatro anos. É o assumir de que há problemas para resolver no SNS e de que tudo que denunciávamos não eram afinal apenas casos isolados, como nós já sabíamos", afirmou a bastonária.
Ana Rita Cavaco entende que é preciso saber se o dinheiro a aplicar será acompanhado de uma reorganização dos serviços e do trabalho no SNS.
"O sistema está centrado infelizmente nos hospitais e não há investimento nos centros de saúde. Está também muito centrado nos profissionais de saúde, sobretudo nos médicos, e tem de deixar de estar, temos de ter um SNS centrado nas pessoas", defendeu.
A representante dos enfermeiros argumenta que as consultas e cirurgias nos hospitais não podem funcionar "como uma repartição de Finanças que praticamente só trabalha de manhã".
"Se uma parte desse dinheiro vai para incentivos [à produção e aos profissionais] e se tenho pessoas em lista de espera para cirurgia, temos de perceber porque há um aumento de produtividade em horário de pagamento de incentivos e menos cirurgia em [período] de bloco normal", declarou à Lusa.
Ana Rita Cavaco entende que as consultas e as cirurgias não podem funcionar nos hospitais só da parte da manhã e que é necessária uma reorganização do trabalho no SNS.
Quanto ao anúncio de mais 8.400 profissionais a contratar em 2020 e 2021, a bastonária indica que é necessário saber quantos desses serão enfermeiros, recordando que as estimativas da Ordem apontam para a necessidade de contratar, por ano, 3.000 profissionais de enfermagem.
Hoje, o Governo anunciou um reforço orçamental na saúde de 800 milhões de euros já no próximo ano e uma programação plurianual de investimentos mo montante global de 190 milhões de euros.