A construção de uma estação de Metro no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, está a gerar polémica. Em causa, a retirada de árvores do Jardim da Parada, mas a porta-voz da empresa assegura que “não serão abatidas quaisquer árvores” e que o espaço ficará igual ao que está, depois das obras. Ou até em melhores condições.
As obras visam prolongar a Linha Vermelha do Metro de São Sebastião até Alcântara, tendo estações intermédias nas Amoreiras, Campo de Ourique e Infante Santo.
No caso de Campo de Ourique, a retirada de árvores para dar lugar ao estaleiro da obra está a indignar os moradores, que se juntaram no chamado Movimento Salvar o Jardim da Parada. Não acreditam nas garantias dadas pelo metropolitano sobre a futura reinstalação das árvores, como disse à Renascença uma porta-voz do movimento. “Acho que todos temos noção qual é o impacto de umas obras, principalmente uma obra do Metropolitano, que vai ter que fazer, pelo menos, um poço de ataque desde a superfície até 36 metros de profundidade - vai implicar mexer em solos e vai prejudicar as raízes. Já para não falar que há árvores com mais de 50 anos”, alerta Susana Morais.
Durante o período de obras, seis árvores vão ser retiradas e mais tarde replantadas. “Infelizmente, tal coisa não pode acontecer", sublinha a responsável que não acredita que sobrevivam.
As garantias deixadas pelo Metropolitano de Lisboa não têm sido suficientes para acalmar a contestação que já deu origem a uma petição assinada por mais de seis mil pessoas, que querem a estação, mas não a destruição do jardim.
Jardim da Parada ficará igual, diz Metro
Helena Taborda, a porta-voz da empresa, assegura que “não serão abatidas quaisquer árvores protegidas ou centenárias” e que a construção da estação no subsolo vai ficar a 35 metros de profundidade. Por isso, a estrutura arbórea e o enraizamento das árvores “não ficam em causa”, já que estão a seis metros de profundidade. “Não haverá qualquer interferência.”
O estaleiro de obras a instalar no Jardim da Parada vai ocupar 15% da área do Jardim, de onde será necessário retirar seis lódãos. Não estes, mas quatro outros da mesma espécie serão plantados no mesmo local. Os outros dois lódãos não podem ser plantados exatamente no mesmo sítio, mas serão colocados dentro do jardim.
Durante a fase de obra “será garantida uma zona de proteção de 20 metros de raio das três monumentais árvores que estão classificadas”.
Para além disso, como medida de compensação, serão plantadas 50 novas árvores na freguesia de Campo de Ourique. O Metro aguarda que o local seja definido entre a autarquia e a Junta de Freguesia.
Uma das dúvidas levantadas pelo Movimento prende-se com o estudo de uma outra solução para ter em Campo de Ourique uma estação de Metro, que a colocava mais junto do Cemitério dos Prazeres.
Helena Taborda explica que na análise de viabilidade do projeto - ponderados todos os fatores -, a opção Jardim da Parada “tem mais centralidade e permite uma a distribuição rápida para outras zonas de Lisboa, bem como a redução significativa dos tempos estimados de percurso”, entre outros fatores avaliados.