O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que vai aplicar os milhões da “bazuca europeia”, está “condenado a falhar” e não vai tornar mais competitivas as empresas nem alavancar a economia, afirma o presidente do Conselho Estratégico Nacional do PSD, Joaquim Miranda Sarmento.
Entrevistado pela Renascença, o Joaquim Miranda Sarmento prevê que esta será uma “oportunidade perdida” para impulsionar Portugal para um futuro de maior crescimento.
O economista antecipa que a chamada “bazuca europeia” não resulte sequer numa “vitamina e não irá passar de um placebo”, com a economia estagnada por mais alguns anos.
“Este plano do Governo não olha para os problemas estruturais da competitividade da economia portuguesa, para os estrangulamentos, nem para os motivos para os quais a economia nacional está estagnada há cerca de 20 anos.”
O “ministro das Finanças” do PSD defende a necessidade de conjunto de “reformas estruturais que são essenciais para tornar as empresas mais competitivas: [redução dos] custos de contexto, burocracia, sistema fiscal, mercado laboral, aumento da competitividade em vários setores, a ligação entre investigação e inovação, a morosidade da justiça”.
As empresas e a competitividade “não estão no centro do plano do Governo” e isso significa que, provavelmente, o PRR “não vai transformar a economia portuguesa, nem nos vai colocar a crescer mais de forma sustentada e prolongada no tempo”.
Joaquim Miranda Sarmento alerta que, além do risco de irregularidades, “o risco de má utilização” dos fundos europeus “em maus projetos ou que não alavanquem a economia portuguesa é muito grande”.
“Eu receio que a pressa de gastar seja inimiga de uma boa execução”, refere o presidente do Conselho Estratégico Nacional do PSD.
Quem são os grandes esquecidos do PRR?
Termina esta segunda-feira a consulta pública do Plano de Recuperação e Resiliência, o período de 15 dias em que o Governo era obrigado por Bruxelas a ouvir os partidos, e a sociedade civil, sobre o destino a dar aos milhões que vão chegar de Bruxelas.
Na leitura de Pedro Braz Teixeira, director do Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade, a inexistência de uma aposta na formação de trabalhadores é uma das grandes falhas do plano do Governo, que está também “demasiado focado no investimento público”.
“Temos 4,5 milhões de trabalhadores que não trabalham no setor público e que são os grandes esquecidos deste programa, porque Portugal tem um grande défice de formação e qualificação em relação à média da União Europeia e, em particular, aos países que entraram recentemente na UE”.
Pedro Braz Teixeira faz uma outra crítica: o Plano de Recuperação e Resiliência deveria ter resultado de um pacto de regime com o PSD e o Governo só tinha em ganhar se ouvisse as propostas da oposição, mas “não fez nada disso”.
Por fim, o diretor do Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade lamenta que
“fazer 15 dias de consulta para o um plano desta dimensão e complexidade é só para marcar calendário”.