O naufrágio de um barco com migrantes no sul de Itália pode ter causado, neste fim de semana, a morte a 100 pessoas. Neste momento, há 62 vítimas confirmadas, entre elas 12 crianças, incluindo um bebé.
O barco, com cerca de 200 migrantes oriundos do Afeganistão, Paquistão, Somália, Síria, Iraque e Irão, tinha saído da Turquia há alguns dias e partiu-se ao meio ao embater nas rochas, quando tentava chegar a Crotone, na região da Calábria.
Oitenta pessoas sobreviveram nadando até à costa, e estão agora num centro temporário de acolhimento na cidade de Isola di Capo Rizzuto.
Segundo a BBC, um sobrevivente foi detido sob a acusação de tráfico de migrantes.
Já esta segunda-feira, o primeiro-ministro do Paquistão afirmou acreditar que mais de 24 cidadãos estariam entre os mortos.
Nesta segunda-feira, discursando no Conselho das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos países para intensificarem a sua ajuda aos refugiados e migrantes, definirem rotas mais seguras e fortalecerem as operações de resgate.
"É desumano trocar a vida pelo preço de um bilhete", diz PM italiana
Entretanto, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, citada pela BBC, expressou a sua “profunda tristeza” pela tragédia, e disse ser “desumano trocar as vidas de homens, mulheres e crianças pelo preço do 'bilhete' que pagaram na falsa perspetiva de uma viagem segura".
Meloni acrescentou que o Governo “está empenhado em impedir as partidas (destas embarcações) e, assim, a consumação destas tragédias, e continuará a fazê-lo, primeiro que tudo exigindo a máxima cooperação aos Estados de partida e de origem”.
Também o ministro do Interior, Matteo Piantedosi declarou que “o desespero nunca pode justificar condições de viagem que ponham em perigo a vida dos nossos filhos”,
Declarações são “chapada na cara” das vítimas, dizem MSF
Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) não gostaram destas declarações, considerando-as, segundo a Lusa, uma “chapada na cara” dos migrantes, ao insinuarem, que estes foram responsáveis pela própria tragédia, por embarcarem numa viagem tão perigosa.
“Digo isto com o devido respeito pelas vítimas, com pesar pelo que aconteceu e também com a firme intenção, como pedido pela primeira-ministra Meloni, de não especular sobre estas tragédias. Mas não podemos deixar de afirmar com indignação que as primeiras declarações da primeira-ministra Meloni e do ministro Piantedosi são pouco mais que um jogo de atribuição de culpas, mais uma chapada na cara das vítimas e dos sobreviventes desta tragédia”, sustentou Marco Bertotto, diretor dos programas da MSF Itália, numa conferência de imprensa sobre o naufrágio, ao largo de Crotone, na Calábria.
Desde 2014 e até este momento, perderam já a vida no mar mediterrâneo mais de 20 mil pessoas que tentavam, em barcos sobrelotados, chegar à Europa.