Mesmo antes de a Comissão Nacional do Partido Socialista (PS) começar, os protagonistas da campanha interna para a liderança vão trocando galhardetes. José Luís Carneiro, candidato à liderança do partido a saudar o ministro das Finanças e a atirar uma farpa a Pedro Nuno Santos: "Desde criança que aprendi que as dívidas são para pagar".
Referência implícita de Carneiro à célebre frase de Pedro Nuno em 2011: "os alemães que se ponham finos ou não pagamos a dívida". A intenção de separação de águas entre as duas candidaturas fica assim clara por parte do ministro da Administração Interna, que falou à entrada da reunião dos socialistas.
José Luís Carneiro a falar de um "quadro absolutamente exigente" daqui para a frente, em que é preciso garantir a "confiança dos investidores", num "país que honra os compromissos internacionais".
Com Pedro Nuno Santos ausente da Comissão Nacional, onde não tem assento, coube a Alexandra Leitão, a coordenadora da moção do ex-ministro das Infraestruturas falar aos jornalistas para admitir que a campanha interna para a liderança não está ganha à partida.
"Nunca há campanhas que são passeios no parque, temos sempre de respeitar muito os adversários", admitiu a deputada à entrada da reunião dos socialistas a decorrer num hotel em Lisboa.
Alexandra Leitão deixa ainda uma garantia, a de que "a partir de dia 17 de dezembro estamos todos no mesmo partido", numa referência à necessidade de união interna do PS rumo às legislativas de março.
A deputada socialista admite ainda como normal que os militantes estejam à espera das moções de estratégia para definir o sentido de voto interno: "é normal que se olhe para os conteúdos antes de se tomar uma decisão, espero que a moção contribua para que mais pessoas se decidam apoiar Pedro Nuno Santos".
"É normal que se olhe para os conteúdos antes de se tomar uma decisão, espero que a moção contribua para que mais pessoas se decidam apoiar Pedro Nuno Santos".
Também à entrada da Comissão Nacional, que irá servir para ratificar as datas de eleições internas a nível nacional e local e também para a marcação do Congresso de 2024, o candidato à liderança Daniel Adrião a falar do projeto "reformista e transformacional" que tem para o partido.
Em relação às hipóteses que tem nesta corrida à liderança, Adrião a recordar que sempre se candidatou enquanto António Costa esteve à frente do partido. "Havia candidato mais forte do que António Costa?", concluindo que Pedro Nuno Santos e Carneiro "não sao um candidato tão forte como António Costa".
Desta vez a Comissão Nacional decorre integralmente à porta fechada, sem a habitual intervenção do secretário-geral do partido aberta aos jornalistas.