André Pestana do Stop considera que o ministro da Educação está a mudar o discurso. Se durante o mandato nunca acedeu à reivindicação do pedido de contagem integral do tempo de serviço dos docentes, agora aliado a um candidato à liderança do partido, diz ter abertura para essa contagem e muda de discurso.
Em entrevista esta manhã à Renascença, João Costa admitiu ser possível a recuperação total do tempo de serviço pedido há muito pelos docentes, explicando que houve muitos imprevistos que impediram que tal fosse assumido.
“Isto já faz lembrar um bocado a ‘Black Friday’ eleitoral”, diz André Pestana, acrescentando que “o ministro teve grandes responsabilidades na pasta do Ministério da Educação desde 2015, inicialmente como secretário de Estado e nos últimos anos já como ministro da Educação”, e nunca fez justiça aos professores.
“É estranho que quem se opôs veementemente, quem fez até como é público, dinamizou serviços mínimos contra as lutas legítimas dos profissionais de educação, docentes e não docentes ao longo deste ano de 2023, é estranho que agora venha dizer, no fundo, o contrário de toda a sua postura ao longo do ano”, acrescenta.
À Renascença, André Pestana diz ainda que encaram esta mudança “numa narrativa eleitoralista, um leilão eleitoral que não é só, convenhamos e em abono da verdade, feito por pessoas ligadas ao PS”.
O coordenador nacional do Stop assinala ainda que “tem havido mudanças de posições, nomeadamente a questão do tempo de serviço, que não é meramente a única questão que nós reivindicamos ao longo de todo este ano, mas que é naturalmente uma das questões principais” também na área do PSD, com “uma mudança significativa” de posição.
Além da recuperação do tempo de serviço, os professores
reivindicam melhores condições para a carreira e um investimento nas
infraestruturas escolares.
Pacto na área da Educação
Já do lado dos diretores de escolas, Filinto Lima diz à Renascença que este é o momento para um pacto na área da Educação.
O presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas pede, no entanto, que as promessas se concretizem, independentemente de quem venha a ser Governo depois das próximas legislativas.
Tendo em conta que “parece que é unânime em todos os quadrantes políticos” a contagem do tempo de serviço dos professores, o responsável defende que “isto fique num Pacto da Educação”.
E no entender de Filinto Lima, a “altura de pactos é agora não é depois das eleições”.
“Agora é preciso é que depois das eleições, seja qual for o partido político que ganhe passe da palavra aos atos e muitas vezes isso é esquecido”, completa.