O líder do parlamento federal russo (Duma), Vyacheslav Volodin, acusou este domingo o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de dividir a sociedade ao suspender a atividade de 11 partidos ucranianos pró-Moscovo.
Zelensky anunciou hoje a suspensão da atividade de vários partidos políticos com ligações à Rússia durante a vigência da lei marcial no país, incluindo a Plataforma da Oposição – Pela Vida, que tem 44 dos 450 deputados no parlamento ucraniano.
“Zelensky, sendo principalmente um artista e ator, cometeu outro erro: com a sua decisão, dividiu a sociedade”, escreveu o presidente da Duma na rede social Telegram, citado pela agência noticiosa russa TASS.
Vyacheslav Volodin lembrou que “existem partidos parlamentares entre os partidos políticos” alvo da medida e defendeu que Zelensky deveria ter dialogado com as formações em causa.
Acusou o Zelensky de demonstrar, com esta decisão, que também não estava na disposição de dialogar com os líderes separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, cujo pedido de ajuda foi usado pela Rússia para justificar a invasão do país vizinho, em 24 de fevereiro.
“Preferiu a guerra a isto [diálogo]", acrescentou.
Um dos partidos visados, Nashi (“Nosso”) é liderado por Yevheniy Murayev, que foi referenciado pelas autoridades britânicas, ainda antes da invasão, como o político que Moscovo pretendia instalar no poder depois de derrubar Zelensky.
A Plataforma da Oposição – Pela Vida é liderada por Viktor Medvedchuk, cuja filha é afilhada do Presidente russo, Vladimir Putin.
Numa reação no Telegram, o partido pró-Rússia considerou que a decisão de Zelensky “não tem fundamento legal” e acusou as autoridades ucranianas de inventarem acusações para “justificar as suas ações inadequadas”.
“A única explicação para tal medida por parte das autoridades é um ataque político ilegal e uma luta política sem escrúpulos com o seu principal opositor”, disse o partido num comunicado, citado pela TASS.
O partido, que se opõe à integração europeia da Ucrânia, prometeu contestar a decisão e apelou a todos os seus deputados, militantes e apoiantes para continuarem a trabalhar no interesse do povo, bem como a preparem-se para a reconstrução e desenvolvimento do pós-guerra na Ucrânia.
O fundador do partido Shariy, o jornalista e ‘blogger’ Anatoly Shariy, também criticou a decisão de Zelensky, denunciando uma tentativa de calar a oposição em Kiev.
Numa declaração divulgada na rede social Facebook também citada pela TASS, Sharyi disse que o objetivo de Zelensky é “eliminar duas forças políticas”, o seu partido e a Plataforma da Oposição – Pela Vida.
Os outros partidos foram acrescentados à lista das formações com a atividade suspensa “para a tornar sólida”, disse Sharyi, que tem contestado em tribunal as acusações de ser pró-Moscovo.
Ao anunciar a medida, Zelensky disse que qualquer atividade de políticos "com o objetivo de dividir ou colaborar [com a Rússia] não terá sucesso”.
“Mas terá uma resposta”, alertou o Presidente da Ucrânia, que decretou a lei marcial após a invasão do país pela Rússia.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 25.º dia, provocou um número ainda por determinar de baixas civis e militares, bem como mais de 3,3 milhões de refugiados.
A ONU considera que se trata da pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).