Miguel Frasquilho, presidente do conselho de administração da TAP, abdicou do aumento de €1.500 mensais líquidos na sua remuneração. Uma decisão que terá sido forçada pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, segundo avança o jornal "Expresso".
O salário do chairman da transportadora volta assim aos €12 mil por mês, em vez dos €13,5 mil decididos em fim de outubro.
Os salários dos gestores da companhia são decididos pela Comissão de Remunerações e Vencimentos e não pelo Governo. Assim, teve de ser o próprio Miguel Frasquilho a recusar o aumento que já tinha aceitado.
O ministro não terá feito o mesmo em relação aos outros aumentos. Segundo o semanário, que cita fonte próxima do governante, Pedro Nuno Santos concorda com o aumento salarial de Ramiro Cequeira, que vai ganhar o dobro com a promoção de chief operations officer (COO) a CEO interino, uma vez que o gestor foi ganhar menos do que Antonoaldo Neves (o anterior CEO). Como CEO da empresa, não podia ganhar abaixo dos outros membros da comissão executiva.
A revisão salarial dos administradores da companhia aérea foi feita antes de o Governo enviar a Bruxelas a proposta de plano de reestruturação da TAP, que é condição para o apoio público à companhia aérea. A mesma prevê que os trabalhadores da TAP terão reduções salariais de 25%, no âmbito do plano de reestruturação, ficando isentas de corte as remunerações base até 900 euros.
A notícia dos aumentos salariais gerou uma onda de críticas. No Twitter, Rui Rio ironizou, dizendo que um "Governo de esquerda - que se diz sempre preocupado com os mais desfavorecidos" aprovou aumentos numa "empresa falida que só sabe viver de mão estendida para o contribuinte".
Também o Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre os aumentos. "Não é compreensível ou aceitável" que se estejam a prever cerca de 2000 despedimentos e reduções salariais de 25% aos trabalhadores e, ao mesmo tempo, se decidam subidas salariais na administração, afirmaram os bloquistas.