O Papa alertou, esta quarta-feira, para o esquecimento de Deus que existe atualmente na Europa, criticou o consumismo e o “pensamento único”, que alastra e que considera ser fruto da “mistura de velhas e novas ideologias”.
“No continente europeu a presença de Deus é diluída no consumismo e nos vapores de um pensamento único, que é fruto da mistura de velhas e novas ideologias”, disse Francisco.
O Papa dedicou a catequese desta quarta-feira à viagem apostólica a Budapeste e à Eslováquia, que aconteceu de 12 a 15 de setembro, afirmando ter-se tratado de “uma peregrinação de oração, uma peregrinação às raízes, uma peregrinação de esperança”.
Perante os milhares de peregrinos presentes na sala Paulo VI, Francisco enalteceu a história de fé e de serviço e a fidelidade dos povos que visitou.
“Foi isto que vi no encontro com o povo santo de Deus: um povo fiel que sofreu a perseguição ateia. Também o vi no rosto dos nossos irmãos e irmãs judeus, com os quais recordamos a Shoah. Pois não há oração sem memória”, disse.
O Papa lembrou que a sua viagem “foi uma peregrinação de oração no coração da Europa, começando pela adoração e terminando com a piedade popular”, assinalando que “o Povo de Deus é chamado sobretudo a isto: adorar, rezar, caminhar, peregrinar, fazer penitência e nisto sentir a paz, a alegria que o Senhor nos dá. A nossa vida deveria ser assim”.
Francisco falou também da “lembrança grata” das “raízes da fé e da vida cristã”, particularmente significativas naquelas terras no coração da Europa, recordando “o brilhante exemplo de testemunhas da fé, como os Cardeais Mindszenty e Korec, e o Beato Bispo Pavel Peter Gojdič. Raízes que remontam ao século IX, à obra evangelizadora dos santos irmãos Cirilo e Metódio”.
“Insisti várias vezes que estas raízes estão sempre vivas, cheias da linfa vital que é o Espírito Santo que devem ser preservadas como tais: não como peças de museu, não ideologizadas nem instrumentalizadas por interesses de prestígio e de poder, para consolidar uma identidade fechada.”
Por fim, Francisco destacou como “um sinal forte e encorajante” o encontro com milhares de jovens, particularmente em tempos de pandemia, e recordou a figura da Beata Ana Kolesárová, eslovaca de 16 anos, que foi morta em 22 de novembro de 1944, por um militar soviético, na II Guerra Mundial, numa tentativa de violação. “É um testemunho que infelizmente é mais atual do que nunca, pois a violência contra as mulheres é uma chaga aberta. Por todo o lado.”
Francisco pediu um aplauso a Madre Teresa e as irmãs Missionarias da Caridade que acolhem os sem-teto. Recordou a "Comunidade Cigana e todos aqueles que trabalham com eles num caminho de fraternidade e inclusão".
"Foi emocionante partilhar a festa da Comunidade Cigana, uma festa simples com o sabor do Evangelho. Os ciganos são nossos irmãos. Devemos acolhê-los, estar próximos deles como fazem os sacerdotes salesianos em Bratislava", disse o Papa.