Sem acordos e com "muito diálogo". A fórmula de Bolieiro para governar os Açores
20-02-2024 - 20:48
 • Pedro Mesquita

Se o programa de governo for rejeitado na assembleia regional, o presidente indigitado garante que volta a recandidatar-se.

O social-democrata José Manuel Bolieiro, que foi esta terça-feira indigitado presidente do governo regional dos Açores, diz em entrevista à Renascença que vai governar em maioria relativa e sem acordos com a oposição.

Se o programa de governo foi rejeitado na assembleia regional, José Manuel Bolieiro garante que volta a recandidatar-se.

Mantém aquilo que disse? Não vai fazer acordos com qualquer outro partido? Ou seja, vai mesmo ser um governo AD, de maioria relativa?

Sim, nós faremos um exercício democrático pela estabilidade e pela governabilidade, com um governo de maioria relativa, com o necessário diálogo e concertação com todos os partidos políticos em sede parlamentar, porque é de interesse para os Açores a estabilidade e a governabilidade, de modo que possamos cumprir, desde logo, uma legislatura.

Isso requer, com certeza, muito diálogo perante um fenómeno de governação de maioria relativa, mas é democrático e é natural. Relembro que o meu resultado eleitoral foi de 42% dos votos, o que é muito significativo. E, portanto, é equívoca esta vitória da legitimidade democrática.

Mas não teme que exista, logo à partida, uma rejeição do programa do governo?

Eu creio que os partidos políticos têm sentido responsabilidade na defesa do interesse dos Açores, da governabilidade e da estabilidade.

Mas até agora havia um acordo, havia verdadeiramente um acordo, e o seu governo caiu.

Pois é, mais uma razão, não é? Quer dizer, não é dependente dos acordos, é um exercício de contexto e permanente. Portanto, vale mais, sobretudo o sentido de responsabilidade, a humildade democrática para o diálogo e para a concertação e também o reconhecimento do que foi a soberana decisão do povo de forma inequívoca, com 42%.

E, portanto, quem quiser corresponder, enquanto democrata, à vontade soberana do povo, tem que naturalmente compreender e aceitar que o mandato do povo foi para a continuidade desta governação, que foi julgada perante um ato eleitoral, na sequência da interrupção da legislatura.

O que fará caso o programa de governo venha a ser rejeitado?

O que a lei determina.

Voltará a candidatar-se?

Sim.

Ou seja, se porventura este Governo não vingasse, estaria disponível para se recandidatar em novas eleições para a presidência do Governo...

Sem dúvida, e fazendo o devido esclarecimento cívico ao povo como, aliás, tive oportunidade de fazer nesta interrupção da legislatura... de que havia que responsabilizar os autores e protagonistas da instabilidade e de governabilidade da região.