Os Estados Unidos entraram em recessão técnica após uma queda da economia pelo segundo trimestre consecutivo.
O Produto Interno Bruto da maior economia do mundo contraiu 0,2% entre abril e junho e 0,9% em comparação com o mesmo período do ano passado.
São dois trimestres seguidos em queda, a definição técnica de uma recessão.
A notícia de que os EUA estão em recessão técnica é conhecida um dia depois de a Reserva-federal (Fed) ter anunciado um novo aumento das taxas de juro em 75 pontos, a quarta subida este ano.
As taxas de referência vão agora situar-se entre 2,25% e 2,50%.
Ontem mesmo, o presidente do banco central, Jerome Powell, defendeu que os indicadores económicos ainda não sinalizavam que o país estivesse em recessão.
O Banco Central Europeu também anunciou esta semana uma subida de 0,5 pontos (50 pontos base) das suas três taxas de juro diretoras. Em comunicado, o BCE justifica esta subida para estar “em consonância com o seu forte compromisso de cumprimento do seu mandato de manutenção da estabilidade de preços”.
É a primeira subida das taxas de juro em 11 anos e é uma tentativa para controlar o acelerar da inflação na Zona Euro.
Portugal não está imune
A recessão técnica hoje confirmada nos Estados Unidos pode chegar a este lado do Atlântico.
Em declarações à Renascença, João Ferreira do Amaral admite que estão reunidas várias condições que penalizam as economias, mas uma delas é o agravamento dos juros. Apesar de necessário para travar a subida dos preços, acaba por penalizar o crescimento.
Ainda assim, o economista defende que a Reserva Federal norte-americana deverá manter a atual política agressiva de aumento dos juros.
E o Banco Central Europeu? Tem sido dos últimos a reagir à inflação com a subida dos juros. Pode evitar assim uma recessão na Europa?
Tem sido um tema muito discutido, o facto do BCE estar entre a inflação e a recessão. Pode não ser consensual até onde pode ir a subida dos juros, mas quase todos concordam que o banco central está a andar muito devagar. À Renascença, Pedro Ferraz da Costa diz que as famílias devem preparar-se para o pior, está criada a tempestade perfeita.
Também crítico da atual política do BCE, João Ferreira do Amaral lembra que os juros já deviam estar bastante acima e admite que as próximas subidas vão pesar na economia.
Resta saber se a recessão, agora confirmada nos Estados Unidos, vai chegar à Europa e, por arrasto, a Portugal.
João Ferreira do Amaral lembra que há muitos fatores de incerteza, mas Portugal tem dois fatores de peso que afastam um cenário recessivo: os fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e a tendência de recuperação do turismo.
Já Pedro Ferraz da Costa acredita que Portugal está vulnerável e vai começar já a sentir os efeitos da própria recessão norte-americana, através do abrandamento do comércio internacional.
[notícia atualizada às 22h03]