João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-ministro da Defesa, negou qualquer ligação a alegados casos de corrupção na Defesa, depois de ter sido implicado por Paulo Branco na Operação Tempestade Perfeita.
Segundo avançou o semanário Expresso, esta sexta-feira, o ex-diretor da Gestão Financeira do Ministério da Defesa Nacional, Paulo Branco, acusado pelos crimes de corrupção e branqueamento de capitais, implicou o ministro dos Negócios Estrangeiros no caso de um alegado contrato fictício de assessoria, no valor de 50 mil euros (mais IVA) com o ex-secretário de Estado Marco Capitão.
De acordo com o mesmo jornal, Paulo Branco declarou à procuradoria do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa que Gomes Cravinho, então ministro da Defesa, “tinha concordado” ou até “pedido” para que fosse realizado um contrato de assessoria com Capitão Ferreira para o compensar e “pôr as contas em dia” pelos trabalhos realizados numa “comissão fantasma”.
O semanário refere que o arguido declarou que Marco Capitão Ferreira teria participado no 'Grupo Ninja', para realizar, clandestinamente, um estudo para a "revisão do setor empresarial do Estado da Defesa".
Em reação a uma notícia da revista Visão, Cravinho já tinha confirmado a existência do respetivo grupo, mas, segundo o semanário, estas declarações de Paulo Branco estabelecem agora uma ligação entre o contrato de assessoria e o 'Grupo Ninja', que terá servido para pagar os trabalhos gratuitos da "comissão fantasma".
O antigo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, nega, no entanto, que o contrato fosse uma contrapartida pelo trabalho do ex-secretário de Estado da Defesa.
Em comunicado enviado à Renascença, o ministro dos Negócios Estrangeiros afasta mais uma vez qualquer envolvimento no contrato celebrado entre a Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional e Marco Capitão Ferreira.
“Repudio de forma veemente e inequívoca a sugestão feita na manchete do jornal Expresso”, lê-se na nota, na qual considera o artigo “baseado em informações pouco credíveis, como fica claro pela leitura do respetivo artigo”.
“Partilho e reafirmo com total transparência as respostas enviadas ao referido semanário, e que retomam declarações públicas minhas sobre a matéria”, acrescenta, partilhando também as declarações públicas prestadas em sede parlamentar, na Comissão de Defesa Nacional da Assembleia da República, em julho.
Num dos excertos das declarações da nota enviada, o ministro referia que “não conhecia o professor Marco Capitão Ferreira antes de exercer as funções de MDN”, mas que, com a sua entrada em funções, percebeu “rapidamente” de que se tratava de uma pessoa com "conhecimento aprofundado nesta área muito especializada”. Nas declarações na comissão, o ministro assegurou ainda que a “designação para as funções de presidente da IDD ficou a dever-se exclusivamente à sua trajetória académica e profissional, com uma estreita ligação às indústrias de defesa, no exercício de funções de responsabilidade”.
O ministro garantia que “o estudo não remunerado intitulado 'Economia da Defesa Nacional - Vetores de atuação e papel do Estado' e o trabalho de assessoria técnica à negociação de um novo contrato para a manutenção dos helicópteros EH-101, cujos contornos foram definidos e operacionalizados pela DGRDN, representam dois processos distintos, não tendo havido qualquer orientação de João Gomes Cravinho no sentido de que o contrato de assessoria estabelecido pela DGRDN serviria de compensação pelos trabalhos realizados no âmbito do estudo respeitante à reestruturação das indústrias do setor”.