Feirantes sentem-se "perseguidos" com encerramento de feiras
27-10-2020 - 13:20
 • Olímpia Mairos

“Não pode haver dualidade de critérios, porque o vírus não se transmite apenas nas feiras” afirma associação que representa ao setor.

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A Associação de Feiras e Mercados da Região Norte (AFMRN) teme que os municípios comecem a encerrar as feiras devido à evolução da pandemia de Covid-19.

“O Governo só proibiu a realização de feiras e mercados de levante nos concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, mas, por exemplo, a Câmara de Vizela já suspendeu as feiras semanais”, diz à Renascença Fernando Sá, temendo que outras possam seguir o mesmo caminho.

O presidente da AFMRN considera que são “medidas tomadas levianamente” e diz não compreender porque encerram as feiras e mantém aberto o comércio de rua.

“Não compreendemos como pode o vírus ser mais transmissível numa feira, onde há planos de contingência e todas as regras estão as ser cumpridas, do que em outros estabelecimentos”, afirma o dirigente, considerando uma “falta de respeito perante esta atividade”.

“Parece-nos que há aqui uma perseguição a este setor que tem tantos séculos de existência e assim não é fácil manter a atividade que tanto contribui para a economia local e nacional”, nota Fernando Sá.

Sobrevivência do setor ameaçada

O presidente da Associação de Feiras e Mercados da Região Norte apela à responsabilidade dos municípios, argumentando que, “se as feiras encerrarem, os comerciantes serão colocados numa situação gravíssima de sobrevivência”.

O dirigente alerta para a situação preocupante que vivem os profissionais do setor, o primeiro a encerrar em março, e defende que “o comércio das feiras deve ser comparado ao comércio de rua”.

Para um setor já habituado às dificuldades associadas à concorrência vinda das grandes superfícies, hipermercados e outras lojas, “esta incerteza quanto ao futuro está a preocupar alguns comerciantes”.

“Não pode haver dualidade de critérios para combater a pandemia, porque o vírus não se transmite apenas nas feiras”, argumenta Fernando Sá, sugerindo que o Governo decrete, “neste período de crise, o encerramento dos shoppings e dos hipermercados aos domingos, que é onde há mais probabilidade de as famílias se juntarem”.

“Se estamos num país democrático, a democracia é para funcionar para todos e não só para alguns, não pode haver discriminação”, completa Fernando Sá.

O Conselho de Ministros aprovou na passada quinta-feira medidas bastante mais restritivas para os concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira que têm crescimento avultado de novos casos. As medidas aprovadas, incluem suspensão de visitas a lares, proibição de eventos e feiras, dever de ficar em casa (fora trabalho e escola) e teletrabalho obrigatório. As regras entraram em vigor na sexta-feira à meia-noite sem data para terminar.

A Associação de Feiras e Mercados da Região Norte abrange 86 concelhos e oito distritos do norte do país.