O sindicato STOP diz que “mais de 100 autocarros com professores” que se dirigiam para a manifestação de hoje em Lisboa foram “revistados” pelas autoridades, mas GNR e PSP negam fiscalizações específicas visando a deslocação de docentes.
Durante a marcha do protesto que decorre esta tarde no centro da capital, o coordenador nacional do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), André Pestana, declarou, enquanto falava com um megafone, que a revista dos autocarros tem impedido muitas pessoas de participar no protesto.
André Pestana apelou para que os professores a bordo dessas viaturas identifiquem os agentes que estão a realizar as operações e tirem fotografias.
A intervenção foi feita já depois de terem surgido nas redes sociais publicações que davam conta destas operações direcionadas e que motivaram desmentidos das forças de segurança.
Em comunicado, a GNR refere que “executou durante toda a manhã a sua atividade diária no âmbito da fiscalização rodoviária e poderão ter sido aleatoriamente fiscalizados veículos pesados de passageiros, tais como vários outros veículos”.
A Guarda Nacional Republicana salienta, contudo, que “não correspondem à verdade as alegações de que estas operações visam as deslocações de professores e que é pretensão dificultar este movimento, atendendo a que as fiscalizações são completamente aleatórias”.
Também a PSP, numa nota enviada à Lusa, desmentiu ter “fiscalizado os veículos em que os manifestantes se fizeram transportar”.
Um professor do STOP cedeu à Renascença uma imagem que mostra um autocarro a ser parado pela GNR na zona de Braga.
Em declarações aos jornalistas, o sindicalista André Pestana disse ter recebido relatos de autocarros parados e de pessoas revistadas.
“Eu estou a reproduzir o que me disseram. Houve autocarros com profissionais da Educação que foram mandados parar para serem revistados… professores, assistentes operacionais, psicólogos, as suas mochilas, quase como se fossemos criminosos. As pessoas lá em casa sabem que estamos diariamente com os vossos filhos e merecemos o mínimo de respeito. Há aquelas claques que às vezes entram nas estações de serviço e partem aquilo tudo e não há essa fiscalização. Agora, fiscaliza-se parece que para intimidar quem vai a uma marcha pela escola pública.”
Mais de 20 mil professores estão hoje, segundo a polícia, a manifestar-se em Lisboa, em defesa da escola pública e contra as propostas de alteração aos concursos, numa marcha convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP). Este organismo diz que no protesto participam 100 mil pessoas.
Esta é a segunda manifestação de professores na capital no período de um mês, depois de uma realizada em 17 de dezembro, que juntou mais de 20 mil docentes, segundo as estimativas do sindicato.
A marcha realiza-se num momento de grande contestação estes profissionais, que estão em greve desde 9 de dezembro, numa paralisação convocada pelo STOP que se deverá prolongar, pelo menos, até ao final de janeiro e foi alargada aos trabalhadores não docentes.
Além de reivindicações antigas relacionadas com a carreira docente, condições de trabalho e salariais, os protestos foram motivados por algumas das propostas do Governo para a revisão do modelo de recrutamento e colocação de professores, que está a ser negociada com os sindicatos desde setembro.
Em particular, contestam a possibilidade de incluir outros critérios de seleção, além da graduação profissional, ou de os professores passarem a ser contratados por entidades locais ou pelos próprios diretores. O Ministério da Educação já desmentiu, no entanto, essa informação.