A religiosa Maria Lúcia Ferreira, portuguesa, que pertence à Congregação das Monjas de Unidade de Antioquia, revela que na Síria as pessoas "estão cada vez mais tristes, sem esperança", porque não se vê o fim de um conflito que começou em 2011.
Em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, sublinha que "a pobreza está a agravar-se bastante" e cada vez mais pessoas emigram à procura de uma "qualidade de vida que já não acreditam ser possível na Síria".
A Irmã Maria Lúcia Ferreira diz que "os custos dos bens quotidianos que cada família necessita são cada vez maiores, os preços aumentam cada vez mais, o pão vai-se tornando, a pouco e pouco, mais escasso, as fontes de energia estão cada vez mais caras e há coisas que já quase não se encontram no país”.
Neste relato à AIS, a religiosa portuguesa afirma que a "guerra está mais ou menos calma" na região onde reside, Qara, ao contrário do sul da Síria e das regiões norte e nordeste do país.
Em seu entender, "o que se está a passar agora é muito mais difícil do que na altura em que as bombas nos caíam em cima, em que estávamos até em risco de morrer ou de ficar feridos. Agora é muito pior. É a luta de cada dia para se saber o que ter de comer, o futuro, os jovens que não veem esperança".
De acordo com dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, divulgados o ano passado, desde 2011, quase 5,6 milhões de habitantes fugiram da Síria para outras partes do mundo, enquanto 6,6 milhões de sírios estão deslocados no seu próprio país.
O secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre recorda que o Núncio Apostólico na Síria, Cardeal Mario Zenari, afirmou que 90% da população vive abaixo do limiar da pobreza.
E é "neste contexto muito difícil" que continua ativa a Operação Solidária de Natal desta fundação pontifícia para apoiar as famílias com mais dificuldades e oferecer roupa quente a cerca de trinta mil crianças.