O presidente do PS, Carlos César, faz marcha atrás e decidiu desconvocar a reunião da Comissão Nacional que tinha marcado esta terça-feira para 2 de julho, num hotel em Ílhavo, e que coincidia com o segundo dia do congresso do PSD, marcado para o Pavilhão Rosa Mota, no Porto.
Em declarações à Renascença, o presidente do PS explica que quer evitar essa coincidência e que já pediu "ao aparelho" do partido que encontre "outras datas alternativas para escolher".
Carlos César refere ainda que "as hipóteses" para a nova data da reunião do órgão máximo do partido entre congressos passam por 25 de junho e 9 de julho. Agora, será o partido a ver "como calha melhor".
É tradição dos partidos que não marquem encontros ou reuniões que colidam com datas de grandes iniciativas de outros partidos - como os congressos - e é na tentativa de emendar a mão que César desconvoca a Comissão Nacional que batia mesmo em cima do Congresso de consagração de Luís Montenegro como novo líder do PSD, marcado para os dias 1, 2 e 3 de julho.
A alteração é confirmada pelo próprio presidente do PS que não deixa de lançar uma farpa ao PSD de Rui Rio que em 2021 marcou para o dia 28 de agosto um Fórum Nacional Autárquico em Faro, no Teatro das Figuras, e que coincidiu com o primeiro dia do Congresso do PS em Portimão. Ou seja, um encontro e outro na mesma região: o Algarve.
Na sequência deste episódio, César refere à Renascença que "ao contrário do que ocorreu aquando do último Congresso do PS", fica sem efeito a data da Comissão Nacional programada para Aveiro, de resto, o distrito de origem de Luís Montenegro, no que poderia ser considerada uma provocação acrescida ao novo líder social-democrata.
Esta terça-feira a Renascença tentou falar com as várias tendências do PSD para reagir à coincidência da data da Comissão Nacional com o Congresso. Nenhuma das tendências - quer a actual direção do PSD de Rui Rio, quer a futura liderança de Luís Montenegro - quis dar a cara, precisamente pelo momento de transição que o partido atravessa, apesar do desconforto manifestado por alguns dos dirigentes contactados pela convocatória de César.
Tal como a Renascença adiantou ontem, na Comissão Nacional do PS convocada pelo presidente do PS irá ser analisada "a situação política" do país e contará com a intervenção do secretário-geral do partido, António Costa.
Da convocatória consta ainda que na ordem de trabalhos da Comissão Nacional de Ílhavo está "a aprovação do Relatório e Contas de 2021, assim como a aprovação do calendário dos Congressos Federativos de 2022 e do Regulamento para a eleição dos presidentes das federações e dos delegados aos Congressos Federativos de 2022".
Mas não é tudo. Nesta Comissão Nacional em Ílhavo "será ainda aprovado o Regulamento para a eleição das Presidentes e das Comissões Políticas das estruturas federativas das Mulheres Socialistas-Igualdade e Direitos (MS-ID) e a deliberação sobre proposta de recomendação de datas para a realização das eleições das Comissões Políticas Concelhias e Secções e das estruturas concelhias das MS-ID", lê-se na nota de imprensa.