Organização internacional pede à Ucrânia que não descure “luta contra a corrupção”
21-07-2022 - 17:31
 • Renascença

À Renascença, Kateryna Ryzhenko pede um “compromisso forte” que garanta “uma estrutura anticorrupção ativa”.

Na Ucrânia, os últimos dias, têm sido fartos em destituições nos serviços de segurança. Depois de Zelenskiy anunciar, na segunda-feira, a demissão de Iryna Venediktova, procuradora-geral do país, e de Ivan Bakanov, chefe do serviço de Segurança Interna, na terça-feira foi a vez de mais 28 funcionários serem destituídos por alegado "desempenho insatisfatório de funções".

Em declarações à Renascença, Kateryna Ryzhenko, da organização anticorrupção Transparency International na Ucrânia, não se mostra surpreendida com a demissão da procuradora-geral ucraniana que, recorda, foi um entrave nas investigações de casos de corrupção.

Infelizmente, a procuradora-geral usava a sua posição para influenciar o decorrer dos casos de corrupção com altas figuras. Havia, inclusive, um caso com um membro da administração do Presidente, Oleh Tatarov, em que a procuradora-geral e o seu adjunto fizeram com que o caso desaparecesse”, refere a responsável.

A Transparency International apela, por isso, à nomeação definitiva de um procurador-geral “imparcial e independente”. Kateryna Ryzhenko lembra igualmente que Oleksiy Symonenko, o novo procurador-geral interino da Ucrânia, também dificultou o sucesso de medidas anticorrupção.

“Esteve envolvido numa série de casos que levaram ao falhanço de medidas anticorrupção e está também relacionado com alguns dos quadros mais altos do gabinete do Presidente”, assegura.

“Nós pedimos ao Presidente e ao Parlamento para fazerem a nomeação definitiva do novo procurador, que deve ter um perfil apartidário e íntegro”, acrescenta Ryzhenko.

Por outro lado, em declarações à Renascença, a responsável, pede que o Governo e o Parlamento não descurem a luta contra a corrupção, até porque a Ucrânia tem de agir, caso existam desvios nas ajudas financeiras dos parceiros internacionais.

“Nos últimos anos, fizemos um esforço por criar um ecossistema de medidas de anticorrupção na Ucrânia e a legislação motiva a que se tornem ainda mais transparentes”, anui.

A responsável desta organização anticorrupção confirma que os “parceiros internacionais estão a ajudar-nos financeiramente”, e não só nesta guerra.

“Temos de fazer um compromisso forte e garantir que a nossa estrutura anticorrupção se mantém ativa. Se existir algum desvio dos fundos que estão a ser concedidos à Ucrânia, temos de mostrar que conseguimos enfrentar esses desafios”, conclui, Kateryna Ryzhenko.