Centeno pede contenção nos apoios porque "inflação vai desacelerar"
01-09-2022 - 13:14
 • Sandra Afonso , Liliana Monteiro com Lusa

“Aquilo que eu volto a apelar é para que não se promovam políticas pró-cíclicas que depois possam vir a ter que ser corrigidas com outras políticas”, pede governador do Banco de Portugal.

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, defendeu esta quinta-feira que não se devem implementar medidas pró-cíclicas para responder ao impacto da inflação, pedindo contenção nos apoios sob o argumento de que a inflação vai descer.

“Aquilo que eu volto a apelar é para que não se promovam políticas pró-cíclicas que depois possam vir a ter que ser corrigidas com outras políticas”, disse Mário Centeno em declarações aos jornalistas à margem das conferências do Estoril, que começaram hoje na Nova School Business & Economics (SBE), em Cascais.

O ex-ministro das Finanças foi questionado sobre o impacto da inflação, numa altura em que o Governo se prepara para aprovar na próxima segunda-feira o pacote de medidas de apoio ao rendimento das famílias. Sem fazer referência a esse pacote, o governador do BdP alertou que a inflação já está a começar a aliviar.

"A previsão que existe de todas as instituições, incluindo do Banco de Portugal, é a de que a inflação vai desacelerar e vai voltar paulatinamente, provavelmente mais paulatinamente do que desejávamos, para níveis compatíveis com os objetivos do Banco Central. Mas como vai levar tempo e há aqui um compromisso que tem de ser adotado por todos, o que volto a apelar é que não se promovam políticas que possam ter de vir a ser corrigidas."

Mário Centeno lembra ainda que o rendimento das famílias tem aumentado apesar das circunstâncias.

"Os salários estão a crescer em Portugal, em média, próximo de 4%, o crescimento do emprego nas declarações feitas à Segurança Social é próximo dos 6%. Devemos olhar com alguma tranquilidade para esta situação."

Também destaca que os preços de algumas matérias-primas de relevância também já estão abaixo do que se registava no ano passado.

"A verdade é que hoje, quando olhamos para os preços de algumas matérias-primas, elas já estão, em termos anuais, abaixo daquilo que acontecia há um ano. Estou a falar, por exemplo, do alumínio, do ferro, do cobre, de muitas matérias-primas que usamos na produção de bens de consumo e de investimento dos quais necessitamos."