O Vitória de Guimarães ofereceu, esta segunda-feira, "a sua total disponibilidade para colaborar ativamente" com a Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Procuradoria-Geral de República (PGR) na identificação dos "verdadeiros responsáveis" pelos insultos racistas a Moussa Marega.
O avançado do FC Porto cansou-se da atitude do público do D. Afonso Henriques e abandonou o terreno de jogo ao minuto 71 da visita a Guimarães. Em comunicado, o Vitória revela que "iniciou as diligências de averiguação ao seu dispor, designadamente através da disponibilização das imagens do sistema CCTV do recinto desportivo" e manifesta intenção de se constituir assistente nos processos consequentes ao sucedido no domingo.
"O racismo é um ato de traição à fundação do clube, perante o qual o VITÓRIA SC e os seus adeptos serão, como sempre foram, verdadeiramente implacáveis. No entanto, é imperioso assinalar que este é um problema de dimensão nacional, que se repete e vem repetindo ao longo de vários anos e em diversos estádios, ao qual as entidades com responsabilidade governativa não se podem alhear com declarações simplistas de repúdio e censura seletivas", pode ler-se.
Neste sentido, o Vitória critica a Liga, que terá cometido uma "gravosa desconsideração institucional" ao clube do Berço, "ignorando de forma inadmissível a sua posição de censura e condenação sobre os acontecimentos em causa aquando da divulgação, através das redes sociais, de todas as outras levadas a cabo pelos restantes clubes": "O racismo é condenável e o VITÓRIA SC também o condena."
Em vídeo, o clube de Guimarães recorda a razão porque assumiu as cores preto e branco: "Alusão à igualdade e à admissão de todos, sem distinção de raças."
O racismo em perspetiva
O clube vimaranense lembra que o racismo é um "problema social que já conheceu condenações efetivas no plano desportivo nacional e internacional, contando embora com o silêncio e a parcimónia de todos os órgãos e entidades que agora prontamente se pronunciaram".
"São conhecidos os casos de racismo, de glorificação da morte, de homicídio, de violência e de discriminação no futebol português, todos sem a indignação correspondente", atira.
O Vitória "não admite que o bom nome e imagem do clube e dos seus adeptos sejam oportunamente colocados em causa por conta de um ato criminoso que não representa, antes afronta, a sua forma de estar, sentir e atuar".
Esta tomada de posição do Vitória de Guimarães contrasta com a do seu presidente, que falou em provocações de Marega para o público da casa. Em resposta, o maliano apelidou Miguel Pinto Lisboa de "besta".