O Patriarca da Igreja Maronita, a maior confissão cristã do Líbano, pediu aos políticos que deixem de parte as suas divisões e trabalhem para o bem da nação, evitando assim o “colapso total” do país.
Numa homilia feita a partir da sé patriarcal, em Bkerke, o cardeal Bechara Rai dirigiu-se diretamente ao presidente Michel Aoun, que é maronita, e ao primeiro-ministro sunita Saad Hariri.
Com 18 confissões religiosas, o Líbano vive de um delicado equilíbrio de poderes e de influência. Os partidos tendem a representar grupos étnicos ou religiosos, sendo que alguns destes grupos estão divididos entre mais do que um partido.
Por norma o Presidente da República é cristão maronita e o primeiro-ministro é sunita, enquanto os xiitas exercem uma enorme influência, alicerçada no poderio paramilitar do Hezbollah.
Contudo, há anos que o Líbano atravessa uma grave crise política, agravada no último ano por uma crise financeira e a explosão no porto de Beirute que destruiu grande parte da capital.
Perante este cenário, o patriarca Bechara Rai diz que é necessário ultrapassar as divisões tradicionais e formar um Governo capaz.
“É preciso ultrapassar a lógica dos interesses partidários”, afirmou o prelado “e formar um Governo de especialistas verdadeiramente independentes com uma consciência nacional”.
O patriarca lamenta que o ano comece ainda sem que tenha sido formado um Governo e acusa os políticos de fugirem às suas responsabilidades. “A solução não está isenta de riscos, mas estes riscos não são nada perante a hipótese de um colapso total”, acusa o cardeal.