Está concluído o desembarque dos migrantes que estavam no terceiro e último navio que aportou em Valência, Espanha.
As equipas de resgate deram uma conferência de imprensa para, apesar de cansados, repetirem palavras como “honra”, “orgulho” e “gratidão” quando descreveram a missão que os levou a salvar os 623 refugiados.
Aproveitaram também para lembrar palavras como “vergonha” e “falta de humanidade” quando se referiram à decisão de Itália e Malta que proibiram o “Aquarius” de atracar nos seus portos, o que prolongou o sofrimento das pessoas durante 10 dias.
Os voluntários lembraram ainda o “Aquarius” opera no Mediterrâneo desde 2015 e que já salvou quase 30 mil pessoas.
Alyons Vimard, dos Médicos sem Fronteiras, sublinhava a dificuldade de lidar com a ansiedade a bordo. De cada vez que viam terra, centenas de pessoas perguntavam se era para ali que iriam. Aconteceu quando passaram a Sicília, a Sardenha e na costa de França.
David
Beverlius, médico no “Aquarius”, conta que nas centenas de consultas que deram
a bordo, o mais difícil foi lidar com as histórias que os pacientes
partilhavam, incluindo histórias horríveis de violações na Líbia.
A vice-presidente da SOS Mediterranee frisou que a inação da Europa nesta matéria é "criminosa". A co-fundadora da ONG criticou sobretudo os acordos feitos entre Itália e a Líbia, com o apoio da UE, sustentando que a guarda-costeira líbia não respeita os direitos humanos de migrantes e refugiados. Sobre o futuro do Aquarius não há ainda certezas. É preciso descansar uns dias e avaliar, acrescentou.
Os migrantes e refugiados vêm de 31 países, sobretudo do Sudão, Argélia, Eritreia e Nigéria. Foram todos assistidos, entrevistados e encaminhados para centros de acolhimento temporário em Espanha.