A primeira-ministra britânica, Liz Truss, ainda foi convidada a formar governo pela rainha Isabel II, mas terá agora que conviver com Carlos III. A situação política e económica do Reino Unido é delicada. Por isso a tarefa que Liz Truss tem pela frente é gigantesca.
O Reino Unido debate-se com uma inflação que ultrapassa os 10% e poderá chegar a 20%. Não ajuda a economia britânica estar muito dependente do gás como fonte de energia. Na Grã-Bretanha multiplicam-se os problemas do Serviço Nacional de Saúde, alarmando os britânicos. E está ainda por resolver uma questão com a UE, a questão irlandesa do Ulster, que se arrasta há anos. O câmbio da libra esterlina encontra-se ao nível mais baixo dos últimos 40 anos.
Isto, sem falar na pretensão de muitos escoceses de que seja convocado um novo referendo visando a independência da Escócia. Ou a possibilidade de o Brexit conduzir, a prazo, ao desmembramento do Reino Unido por causa da questão do Ulster.
Liz Truss iniciou-se na política no partido liberal democrata. Depois de se ter pronunciado pela manutenção do Reino Unido na UE, tornou-se uma apoiante do Brexit. Na sua campanha eleitoral L. Truss mostrou-se contra subsídios aos prejudicados pela inflação, mas como primeira-ministra lançou um pacote generoso para mitigar os custos da inflação. Incoerente? Talvez pragmática.
No partido conservador, que a elegeu como líder, Liz Truss aproxima-se de Margareth Thatcher ao optar claramente pela ala não aristocrática do partido e pelo individualismo liberal. M. Thatcher disse um dia não saber o que é a sociedade, pois apenas existem pessoas, indivíduos. Talvez L. Truss subscrevesse hoje essa afirmação.
Por isso a primeira-ministra aposta tudo na baixa de impostos e no funcionamento do mercado. Assim vinca a diferença em relação ao partido trabalhista, na oposição. Mas terá que enfrentar o descontentamento popular por causa do agravamento do custo de vida, sabendo que haverá eleições em 2024.