Trump retirou os EUA do acordo nuclear firmado com o Irão. Nenhuma informação credível existia indicando que Teerão não cumpria o acordo (uma pretensa prova usada pelo primeiro-ministro de Israel foi desvalorizada pelos serviços secretos americanos). Mas Trump declarou inúmeras vezes, antes e depois de eleito, que este era um péssimo acordo.
A França, a Grã-Bretanha, a Alemanha e a UE pediram encarecidamente a Trump que não saísse do acordo. A Rússia e a China, também signatárias desse acordo de 2015, queriam igualmente mantê-lo. Mas Trump tinha que agradar aos seus apoiantes.
Só que, para isso, cometeu uma irracionalidade: se o acordo não era bom, como poderá ser melhor para a segurança internacional o Irão ficar com as mãos totalmente livres para obter a bomba?
Trump diz que vai concertar-se com outros países para chegar a um novo acordo. Mas não apenas esses outros países não acreditam em tal possibilidade, como esta atitude de Trump reforça os radicais islâmicos no Irão, a começar pelo líder supremo Ali Khamenei – que nunca gostou do acordo.
O Presidente Rohani, um dos negociadores do acordo e um moderado, perde obviamente peso político. Não haverá tão cedo outro acordo nuclear com o Irão.
Ou seja, as alegadas esperanças de Trump de que haja uma mudança de regime no Irão não têm sentido, e muito por causa dele. O único sentido possível seria um ataque militar ao Irão. Teríamos, então, uma tragédia pior ainda do que a criada no Iraque por George W. Bush.
Na comunidade internacional só Netanyahu apoiou a desastrada decisão de Trump. E manter o acordo sem os EUA é uma ilusão: as duras sanções que Trump vai retomar também atingirão empresas europeias – se negociarem com o Irão, ficarão certamente sem acesso ao mercado dos EUA.
Para os dirigentes políticos da Europa, sobretudo da França, da Grã-Bretanha e da Alemanha, esta é mais uma humilhação por parte do Presidente de um país dito aliado.