O Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revela que a primeira denúncia sobre um “eventual envolvimento de militares portugueses no tráfico de diamantes” foi feita em 2019.
A queixa foi reportada ao Comandante da 6ª Força Nacional Destacada (FND), na Républica Centro Africana, lê-se no comunicado enviado pelo EMGFA.
A nota refere que o comandante reportou a queixa de imediato ao EMGFA que depois denunciou à Polícia Judiciária Militar (PJM) para investigação. Por sua vez, a “PJM fez a respetiva denúncia ao Ministério Público que nomeou como entidade responsável pela investigação a Polícia Judiciária”.
O comunicado explica que “o que está em causa de momento é a possibilidade de alguns militares […] terem sido utilizados como correios no tráfego de diamantes, ouro e estupefacientes” e que esses produtos chegaram a território nacional “alegadamente transportados nas aeronaves” militares.
O EMGFA sublinha ainda que, feita a denúncia, foram reforçados “os procedimentos de controlo e verificação à chegada” dos militares e respetivas cargas.
A nota conclui afirmado que, quando forem esclarecidas as responsabilidades, “as Forças Armadas tomarão as devidas medidas, sendo absolutamente intransigentes com desvios aos valores e ética militar” e repudiam “totalmente estes comportamentos contrários aos valores da Instituição Militar”.
10 detidos, confirma PJ
Já a Polícia Judiciária confirma a execução de 100 mandados de busca e 10 detenções no âmbito da Operação Miríade. Num comunicado enviado às redações, a PJ adiantou que "as investigações prosseguem", tendo contado com "a participação de cerca de 320 inspetores e peritos". Das 100 buscas, 95 foram domiciliárias e cinco não domiciliárias.
A ação das autoridades desenvolveu-se nas regiões de Lisboa, Funchal, Bragança, Porto de Mós, Entroncamento, Setúbal, Beja e Faro.
A notícia foi avançada pela TVI que aludia a buscas no Regimento de Comandos, em Sintra, e em cerca de uma centena de outros locais, incluindo Lisboa, Porto, Bragança e Vila Real. .
Em causa estão suspeitas de tráfico de diamantes, ouro e droga em missões militares na República Centro-Africana, num esquema criminoso que, segundo a TVI, já dura há vários anos.
Também de acordo com a estação de Queluz, os comandos aproveitariam as vantagens da não fiscalização a aviões militares no regresso das missões e seguia-se depois um elaborado esquema de ocultação destes proveitos ilícitos - branqueamento de capitais -, com recurso a testas de ferro na abertura de contas bancárias, e à aquisição por exemplo de bitcoins.
[notícia atualizada às 13h48]