O presidente do Governo regional da Madeira faz duras críticas ao Presidente da República pela sua postura face ao arquipélago. Miguel Albuquerque chama-lhe um "penduricalho do regime".
“O Presidente da República nunca se pronunciou sobre a Madeira. E a obrigação do Presidente era ter-se pronunciado publicamente sobre a situação na Madeira. Nunca o fez”, começa por dizer, em entrevista à Renascença.
“O Presidente da República não é um penduricalho do regime. O Presidente da República tem a obrigação de assegurar o funcionamento das instituições, porque se é para fazer espetáculos de variedades, não vale a pena ter Presidência da República”, ataca a seguir.
O líder madeirense não aceita que Marcelo Rebelo de Sousa nunca se tenha pronunciado sobre a situação da pandemia no arquipélago e defende um "tratamento equitativo entre todos os portugueses", pedindo ainda ao chefe de Estado que intervenha a favor da não discriminação das regiões autónomas.
“Nós queremos um Presidente que respeite os poderes do Governo, mas que intervenha naquilo que é a não discriminação”, afirma.
Em causa está o pedido da Madeira para que a maioria PS permita à região um endividamento excecional de 300 milhões de euros, para gastar com o combate à Covid-19, e uma moratória do empréstimo contraído durante a troika.
Miguel Albuquerque não compreende a recusa do primeiro-ministro, António Costa, e o silêncio de Marcelo, que acusa de estar “numa situação de pré-campanha eleitoral”.
“Está obcecado, no meu ponto de vista, com a sua reeleição”, acusa.
Na opinião do dirigente madeirense, Marcelo “chamar a atenção pública para a necessidade de o Governo, ou da maioria que governa o país, autorizar uma operação de financiamento essencial para a Madeira como é os 300 milhões de euros, nós entendemos que era um imperativo da confiança que a maioria dos madeirenses e porto-santenses puseram no Presidente”.
Tudo testado, testes para todos
Nesta entrevista à Renascença, o presidente da Madeira fala também das novas medidas em vigor a partir desta quarta-feira na região.
“A nossa ideia é que não entra ninguém na Madeira sem ter um teste”, afirma.
“O potencial infetado, como eu costumo dizer e passando de lado a metáfora, é como se fosse um indivíduo que transporta a bomba-relógio, portanto, nós temos, em termos de saúde pública, a obrigação de fazer tudo ao nosso alcance para salvaguardar os valores essenciais, que é a vida e a saúde de cada um de nós”, sustenta.
Por isso, quem viajar para o arquipélago tem de apresentar teste negativo ao novo coronavírus, caso contrário terá de efetuar o teste à chegada.
“Os testes PCR ou são realizados com 72 horas e as pessoas têm o teste realizado e entram no aeroporto ou então nós efetuamos o teste aqui e depois, em menos de 12 horas, entregamos o resultado”, refere.
“Vamos assegurar a testagem, vamos financiar, porque entendemos que isso é uma medida importante, sobretudo para uma terra que depende 26% do PIB do turismo”, sublinha ainda Miguel Albuquerque.
O custo da testagem deve rondar meio milhão de euros, só nos primeiros dois meses.