José Ribeiro e Castro, antigo vice-presidente dos encarnados, entende que tanto Rui Costa como o presidente da Assembleia Geral deveriam, sim, anunciar eleições no Benfica.
Deverá ser Rui Costa a assumir os cargos de Luis Filipe Vieira no Benfica, caso
este fique impedido de exercer a função, ao que a
Reanscença apurou. Em declarações a Bola Branca, Ribeiro e Castro considera que uma solução de força exige novo ato eleitoral.
"O Benfica tem os mecanismos institucionais suficientes para assegurar a gestão imediata do clube, mas não tem condições para dar aos sócios, e ao exterior, uma solução plena e pujante. Isso exige um ato eleitoral, na minha opinião. Ficaria bem a Rui Costa e ao presidente da Assembleia Geral convocarem o plenário dos órgãos sociais para avaliar a situação e pedirem novas eleições, mesmo que se recandidatem", refere.
Plenário de órgãos sociais urgente
Ribeiro e Castro entende que deveria ser feita a convocação de um plenário de órgãos sociais, sendo o primeiro passo para resolver a situação. O antigo "vice" do Benfica assinala que também a Mesa da Assembleia Geral está debilitada pela demissão do presidente.
"O instrumento indispensável é um plenário de órgãos sociais que já devia ter sido convocado. A Assembleia Geral também está debilitada pela renúncia recente do seu presidente, portanto a situação tem de ser analisada. Existe o dever e a responsabilidade perante o Benfica e os seus sócios de ponderarem e tomarem decisões e essa [novas eleições] deve ser tomada", destaca o advogado e político.
Ribeiro e Castro fora do xadrez eleitoral
Nestas declarações a Bola Branca, Ribeiro e Castro assume que acompanha, com preocupação, o momento do Benfica. No entanto, não está no seu horizonte regressar a um cargo diretivo no clube da Luz.
"Estou completamente de fora desse xadrez e dessa opção. Tenho saudades, sim, de me sentar nas bancadas do Estádio da Luz a ver os jogos do Benfica. Todos estamos preocupados e seguimos com interesse a atual situação", conclui.
José Ribeiro e Castro foi vice-presidente da direção do Sport Lisboa e Benfica entre 1997 e 1998.
Foi assim que aconteceu
Luís Filipe Vieira foi detido, na quarta-feira, após buscas, por suspeitas de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Esta quinta-feira, o presidente do Benfica deverá ser presente a primeiro interrogatório judicial e conhecer as medidas de coação aplicadas. Caso estas impeçam Vieira de exercer funções, Rui Costa suprirá a sua ausência como presidente do Benfica.
De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estão em causa “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
O DCIAP informou que tinham sido detidas quatro pessoas (um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol), na sequência de cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária, em Lisboa, Torres Vedras e Braga.
Segundo o "SOL", os restantes detidos são o filho do presidente do Benfica, Tiago Vieira, e os empresários José António dos Santos, acionista da SAD encarnada e conhecido como "Rei dos Frangos", e Bruno Macedo.
Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurarem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Em comunicado à CMVM, a SAD do Benfica confirmou a detenção e constituição como arguido de Luís Filipe Vieira, e demarcou-se da investigação, adiantando que as funções do presidente serão "asseguradas nos termos previstos na lei e nos estatutos" da sociedade.
Já a direção do clube garantiu que a competitividade e gestão estão "asseguradas, no respeito e em observância das normas regulamentares estabelecidas nos estatutos", e que estava "firmemente [determinada] a defender sem qualquer reserva, de forma coesa e como [lhe] compete, os interesses do clube, que, esclarece-se, não é objeto da investigação".