O Papa Francisco recorreu, este sábado, ao telefone do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, para gravar uma mensagem-vídeo a agradecer, tanto aos lisboetas como aos trabalhadores, pela forma como está a ser preparada a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa
O presidente da autarquia lisboeta foi recebido no Vaticano e diz ter encontrado um Papa bem disposto e com grande vontade de estar em Lisboa, em agosto.
"Foi um momento muito único com Sua Santidade, o Papa", diz o autarca à Renascença, a partir do Vaticano.
Carlos Moedas diz ter dado conta ao Papa da "energia e a alegria que os lisboetas têm por o receber".
"Houve um momento muito interessante em que ele decidiu gravar uma pequena mensagem de vídeo para agradecer aos lisboetas e na qual quase pede desculpa pelas dificuldades e confusão que vai criar na cidade", conta Moedas.
"E eu gravei a mensagem com o meu telemóvel. Não tinha ali mais nada..."
Carlos Moedas mostrou ao Papa fotografias do espaço Tejo-Trancão "para o Papa ver o trabalho já desenvolvido e ele agradeceu muito a todos os trabalhadores e as trabalhadoras".
De acordo com o presidente da Câmara de Lisboa, a conversa prosseguiu falando-se "do mundo".
“Falamos também sobre as dificuldades que muitos lisboetas estão a passar neste momento e ele disse uma frase muito engraçada: ‘eu só me sinto bem ao pé das pessoas, a andar com as pessoas'”, prosseguiu Carlos Moedas
"Eu contei-lhe também o que os lisboetas me transmitem quando vou de transportes públicos a falar com as pessoas e ele repetiu que se sente muito bem com as pessoa e disse-me ‘seja sempre assim, humilde’.”
Carlos Moedas diz que não se falou da polémica de há uns meses, relacionada com o custo do palco da jornada: “Não, não, não falamos sobre isso. Falamos, sobretudo, daquilo que ele quer falar durante o momento e em que, diz o Papa, Lisboa vai ser o centro do mundo.”
O Papa, segundo o presidente da autarquia lisboeta, quis “falar sobre o futuro”
“Eu contei-lhe, por exemplo, sobre a água que estamos a utilizar no Tejo-Trancão, que é uma água usada. Estamos a regar com água usada para não gastar água.“
“O que é que aquilo vai ser? O que é que vai ser aquele parque depois? A preocupação do Papa é que aquele parque fique para os lisboetas, que seja um valor para a cidade”, acrescenta.
"Eu senti um homem que quer mesmo estar com os mais vulneráveis. O Papa quer estar em Lisboa a transmitir uma mensagem de futuro, a ouvir os jovens e foi sobre tudo isso que falámos. Falámos sobre a sustentabilidade do clima, sobre os mais vulneráveis e o Papa mostrou um grande interesse em perceber como é que estamos a viver este momento com a inflação, como é que as famílias estão a vive.”
“Senti que ele está muito reconhecido. Quando ele diz ‘desculpem esta confusão que vai ser criada na cidade por me receberem’, ele está a agradecer aos lisboetas o que estamos a fazer para que isto seja um momento único para o futuro do mundo", enfatiza Carlos Moedas.
Nestas declarações à Renascença, Carlos Moeda revela ter oferecido a Francisco um livro do Padre António Vieira, “com quem ele se identifica muito, enquanto jesuíta” e que é “alguém que defendeu os povos indígenas”.
“Falamos, aliás, muito sobre as outras religiões em Lisboa, sobre as outras fés, sobre todos. Foi uma conversa de uma grande naturalidade”, adianta.
Questionado sobre se sentiu o Papa com vontade e empenho em viajar até Lisboa no Verão, Carlos Moedas nota que encontrou Francisco “muito bem-disposto, com a muita informação e, portanto, com essa energia, essa vontade”.
“Pareceu-me que ele estava com a saúde boa e com uma grande vontade de ir a Lisboa para andar a com as pessoas e no meio das pessoas.”, rematou.