O ministro das Finanças diz que o pior já passou e aponta para um crescimento da economia que pode ficar acima das previsões, mais de 4% no próximo semestre.
São declarações esta tarde, na cimeira que marca o encerramento da presidência portuguesa da União Europeia, que decorre em Lisboa.
João Leão admite que ainda existe muita incerteza, mas não recua na recuperação da economia, mesmo com a variante Delta a trocar as voltas aos epidemiologistas e matemáticos.
Mais, admite mesmo uma recuperação robusta, que nos próximos meses pode ultrapassar os 4% previstos pelo Governo. “A variante Delta está a fazer crescer o número de casos, tem a ver com a incerteza empresarial do tempo em que vivemos. Apesar disso, e de isso afetar a circulação e o turismo internacionais, estamos confiantes numa recuperação económica robusta e que fique acima das previsões inscritas no programa de estabilidade.”
João Leão elogiou ainda a resposta europeia à pandemia, que já é visível na economia, e em Portugal, deu o exemplo do mercado de trabalho. “Um dos grandes sinais da eficácia destas medidas é a evolução da taxa de desemprego, não só aqui como na Europa, que praticamente estabilizou face aos níveis anteriores à pandemia. Em Portugal está em torno dos 7%, que praticamente não evoluiu face ao anterior à pandeia.”
“Isso é um indicador da eficácia das medidas, e para ter ideia, na anterior crise, no tempo da Troika, a taxa chegou aos 17%.”
Na mesma linha, também o Comissário Europeu da Economia, Paolo Gentiloni, reforça que a europa já está em recuperação. “A perspetiva económica é positiva, a recuperação está em curso. A Comissão Europeia publicou ontem o indicador de sentimento económico e está no nível mais alto dos últimos 21 anos, antecipa as expectativas das empresas no andamento da economia.”
Mas ainda há muito trabalho pela frente, como não deixou de dizer o ministro das Finanças da Eslovénia, país que vai receber agora a presidência dos 27. Mas foi o homólogo francês, Bruno Le Maire, que marcou o tom para os próximos anos. “Já fomos os países das grandes descobertas e de onde foram lançadas as inovações mais disruptivas, já não somos assim. Não podemos estar satisfeitos com isto, que as melhores inovações surjam dos Estados Unidos ou da China.”
“Não acredito que a Europa esteja condenada a ser uma potência de segunda categoria. Queremos continuar a ser uma potência de primeira categoria e este é o momento para a Europa reconquistar essa ambição”, concluiu.
A cimeira desta tarde teve na agenda a saída da pandemia. Um trabalho que não ficará por aqui, diz João Leão, que antecipou já que será criado um grupo de peritos de alto nível, para dar seguimento a esta discussão, acordado pela presidência portuguesa, francesa e eslovena:
Trata-se, segundo João Leão, de um “grupo de peritos de alto nível que irá dar continuidade à reflexão ali iniciada. Irá refletir sobre o legado da crise, das medidas necessárias para promover o crescimento potencial da economia europeia e dos moldes em que a política económica da União Europeia poderá responder a este propósito. Até ao final do ano pretendemos apresentar o trabalho realizado por este grupo de peritos”.
Até ao final do ano serão conhecidas as propostas deste grupo de peritos de alto nível, sobre a recuperação no pós-pandemia.