Com negociações a decorrer sobre o Orçamento do Estado entre PS e Governo, o Livre faz as malas e segue esta segunda-feira para Elvas, no distrito de Portalegre. Depois de um adiamento motivado pelos incêndios de setembro, o partido de Rui Tavares vai estar dois dias na cidade que teve o melhor resultado para o Chega nas legislativas de março, para as primeiras Jornadas Parlamentares do partido que quer reforçar a importância do círculo de compensação.
À Renascença, a líder parlamentar realça que o distrito de Portalegre "é o único que elege dois deputados e que é injustiçado por isso". Isabel Mendes Lopes considera que no país há "dois sistemas eleitorais: uma parte que pode votar em vários partidos e ter uma esperança razoável de ver eleitos os representantes; e outra, como o caso de Portalegre, que para conseguir que o voto eleja alguém têm que votar em dois e agora três partidos". Para a dirigente do Livre este ponto mostra a "desigualdade no país na área democrática".
A líder parlamentar do partido realça que o círculo de compensação está em discussão na especialidade, mas aponta que o mesmo "tem estado relativamente parado" e assegura que um dos objetivos das Jornadas Parlamentares é "reativar" essa discussão.
Nos dois dias, o partido tem previstas visitas à associação empresarial de Elvas, ao Centro de Ciência e Inovação, à fábrica da Nova Delta e à Barragem do Caia.
Nas Jornadas Parlamentares, o partido de Rui Tavares vai ainda discutir questões de qualidade de vida relacionadas "com serviços públicos desde multibanco a acesso a cuidados de saúde e a possibilidade de haver emprego junto ao sítio onde se mora", diz Isabel Mendes Lopes.
A líder parlamentar do Livre justifica ainda a ida a Elvas com a preocupação do partido sobre as culturas intensivas. Para o partido, "o país tem de olhar para a agricultura aliada à tecnologia, para garantir que a agricultura é sustentável".
A proximidade da cidade alentejana a Espanha é também um dos motivos para que o Livre escolhesse Elvas para a primeira cidade a acolher umas Jornadas Parlamentares do Partido, principalmente por questões relacionadas com a gestão da água.
Isabel Mendes Lopes refere que há pouco tempo foi assinado um novo acordo entre Portugal e Espanha "cujos termos exatos não são conhecidos". A deputada e líder parlamentar lembra que o partido está preocupado por considerar que a "gestão da água é feita de forma responsável garantindo que não há uma injustiça entre agricultores dos dois lados da fronteira".
OE. "Se corresponder ao programa, o Livre não acompanhará"
A trabalhar em novos projetos de lei em Elvas, o Livre não se esquece do Orçamento do Estado. Isabel Mendes Lopes afirma que o Livre "tem esperança", mas sabe que "PSD E CDS têm uma visão diferente da do Livre para o país". A líder parlamentar do partido afirma por isso que " se a proposta do Orçamento do Estado corresponder ao programa apresentado pelo PSD/CDS-PP o Livre não acompanhará".
Isabel Mendes Lopes critica a forma como estão a ser feitas as negociações e recorda que o partido teve apenas duas reuniões com o Governo. "Para nós, isto não são negociações, são apenas umas reuniões em que foram trocadas algumas impressões sobre questões orçamentais. Não foram negociações no sentido em que, não nos sentámos à mesa ou a discutir propostas concretas e a e a tentar encontrar um consenso. O Governo não tentou fazer isso", diz à Renascença.
A líder parlamentar do Livre, diz ainda assim, que o partido vai esperar para perceber no que vai dar aquilo que considera ser "uma novela".
De acordo com Isabel Mendes Lopes o partido vai ter em atenção o reforço orçamental para a descentralização, para a mobilidade com um alargamento do passe ferroviário nacional em vigor há um ano e a criação de uma herança social "para garantir que todas as pessoas têm as mesmas condições de começar a sua vida adulta", diz a deputada.