O Irão é, esta sexta-feira, palco de eleições legislativas, em que a taxa de participação do eleitorado será fator determinante, face ao descontentamento generalizado em relação a uma economia em profunda crise.
As autoridades têm instado as pessoas a votar, mas é revelador o facto de este ano não ter sido divulgada qualquer informação pelo centro de sondagens estatal ISPA sobre a taxa de participação esperada, característica constante das eleições anteriores, numa altura em que a inflação ronda os 50% e a taxa de desemprego dos jovens os 20%.
Mais de 15.000 candidatos estão a competir por um lugar no parlamento de 290 membros, formalmente conhecido como Assembleia Consultiva Islâmica. Os mandatos são de quatro anos e cinco lugares estão reservados para as minorias religiosas do Irão.
De acordo com a lei, o parlamento supervisiona o poder executivo, vota em tratados e trata de outras questões. Na prática, o poder absoluto no Irão pertence ao seu líder supremo, o ayatollah Ali Khamenei.
Os apelos ao boicote das eleições têm-se multiplicado nas últimas semanas, incluindo o de Narges Mohammadi, Prémio Nobel da Paz e ativista dos direitos das mulheres, que se encontra detida, e que classificou as eleições como uma "farsa".
Muitos eleitores dizem discretamente que não vão votar nas eleições, devido aos protestos em massa que abalaram o país, as tensões com o Ocidente sobre o programa nuclear de Teerão e o apoio do Irão à Rússia na guerra contra a Ucrânia.