O novo coronavírus pode permanecer até 72 horas (três dias) em superfícies como plástico e aço inoxidável. A descoberta é revelada num estudo divulgado na terça-feira na revista científica “The New England Journal of Medicine”.
Os autores do estudo, uma equipa de investigadores de várias universidades e instituições científicas dos Estados Unidos, analisaram a capacidade de permanência em várias superfícies do vírus SARS-CoV-2 (o novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19) por comparação com o SARS-CoV-1, o coronavírus conhecido com mais semelhanças ao que está a provocar a atual pandemia.
As conclusões do estudo indicam que as superfícies de plástico ou de aço inoxidável, comuns nas cozinhas, oferecem condições mais estáveis para a permanência do SARS-CoV-2 do que superfícies de cobre ou cartão por exemplo.
Os testes foram realizados em 10 condições experimentais que testaram a permanência do novo coronavírus em aerossóis, plástico, aço inoxidável, cobre e cartão.
De acordo com os autores do estudo, "a viabilidade mais longa dos dois vírus foi em aço inoxidável e plástico", tendo sido detetado ainda ativo 72 horas depois de aplicado sobre essas superfícies.
O SARS-CoV-2 permaneceu viável em aerossóis durante três horas, com alguma redução do poder infeccioso, enquanto em superfícies de cobre o novo coronavírus deixou de estar ativo depois de quatro horas e depois de 24 horas em superfícies de cartão.
Apesar do tempo de permanência, ambos os vírus apresentaram "uma queda exponencial" de capacidade infecciosa em todas as condições experimentais com o passar do tempo.
Cientistas procuram conhecer vírus para o combater
Da China ao Canadá, cientistas de todo o mundo estudam o novo coronavírus em busca de uma vacina ou medicamentos que possam ajudar a combatê-lo.
Para já, sabe-se que a idade, a apresentação de sinais de sépsis – infeção generalizada – e, problemas de coagulação do sangue durante o internamento, tensão alta e diabetes são fatores-chave de maior risco de morte, segundo um estudo publicado esta semana na revista “Lancet”.
De acordo com investigadores da Escola de Saúde Pública da universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, as pessoas infetadas podem estar cinco dias sem sintomas, que na maioria dos casos acabam por surgir 12 dias após a infeção.
Da China, onde começou a pandemia que já fez mais de 8.000 mortos em todo o mundo, já se descobriu que o novo coronavírus pode sobreviver no ar por pelo menos 30 minutos e contagiar alguém a 4,5 metros – ou seja, mais do que a "distância segura" recomendada pelas autoridades de saúde de todo o mundo (um metro).
Para chegar a uma vacina, já começaram em Seattle, nos Estados Unidos, os primeiros testes clínicos em humanos, com 45 voluntários a experimentarem a potencial vacina.
Oitenta milhões de euros é a verba de que os laboratórios da empresa alemã Curevac poderão dispor para trabalhar numa nova vacina, segundo o compromisso assumido na terça-feira pela Comissão Europeia.
No Canadá, a empresa MEdicago espera começar até ao verão testes clínicos em humanos de uma nova vacina, depois de ter chegado a uma partícula semelhante ao vírus com uma técnica que usa a planta do tabaco como viveiro para criar uma vacina.
Em Itália, a entidade nacional do medicamento vai começar a testar em pessoas doentes com Covid-19 um fármaco usado para a artrite reumatoide, que tem sido eficaz para as dificuldades respiratórias mais agudas.
Na Islândia, o genoma de cerca de 5.000 pessoas vai ser analisado para se tentar perceber como o novo coronavírus se espalhou pela ilha, onde 76 pessoas foram infetadas e ainda nenhuma morreu.
Investigadores das universidades do Porto e do Minho apelaram ao Governo português para partilhar “com urgência” dados mais detalhados sobre todos os casos suspeitos ou confirmados.
Em declarações à Lusa, Carlos Oliveira, também antigo secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, afirmou que existem “milhares de investigadores” no país disponíveis para ajudar no “combate” à Covid-19, mas que tal só será possível se tiverem “acesso à matéria prima”: microdados pseudo-anonimizados.
Na Austrália, uma equipa científica descobriu que o sistema imunitário humano combate a Covid-19 de forma semelhante ao que acontece com a gripe.
A investigação é baseada numa amostra de sangue de uma mulher de 47 anos infetada em Wuhan, a cidade do centro da China onde surgiu o novo coronavírus, que acabou por conseguir curar-se da doença.
Na China, os cientistas já descreveram a estrutura de uma proteína chamada 'ACE2' que o coronavírus usa para entrar nas células humanas, o que poderá ajudar a criar novos medicamentos antivirais.
Investigadores da Universidade de Valência, em Espanha, também já chegaram à sequência genética do vírus e concluíram que desde que apareceu, não houve nenhuma mutação que o tivesse tornado mais contagioso ou mortífero.
O investigador português Miguel Bastos Araújo, da Universidade de Évora, apontou uma relação entre o clima e o novo coronavírus, indicando que a maior parte dos casos acontece em áreas secas e com temperaturas frescas, com temperaturas entre os seis e dez graus centígrados.
Outro estudo, publicado na revista norte-americana JAMA, revelou que as pessoas infetadas com o novo coronavírus contaminam principalmente quartos e casas de banho, evidenciando a necessidade de limpeza das superfícies, onde o vírus não consegue sobreviver se forem desinfetadas pelo menos duas vezes por dia.
O coronavírus já infetou mais de 200.000 pessoas, das quais mais de 8.200 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 82.000 mil recuperaram.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou nesta quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.