Milhares de pais e encarregados de educação estão indignados com os efeitos que a greve dos professores e pessoal não-docente está a causar nas suas vidas familiares.
Os constrangimentos são vários: escolas fechadas, alunos sem aulas, falta de professores. Desde o início do ano que o Portal da Queixa está a receber inúmeras reclamações contra o Ministério da Educação e mais de 50% das reclamações recebidas este ano aponta a greve como motivo.
A presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Mariana Carvalho, diz à Renascença que há cansaço por parte dos pais, estando as preocupações centradas "sobretudo no que fica por ensinar e nas condições dos alunos que vão a exame".
"As desigualdades voltam a acentuar-se”, reforça.
O crescendo de queixas não surpreende o presidente da Associação Nacional de Diretores de Escolas Públicas. Filinto Lima diz que todos estão descontentes e encara como “natural que todos os pais, neste momento, estejam insatisfeitos”.
"Os pais já vêm falar com os professores, com os diretores das escolas, demonstram cada vez mais preocupação com esta situação”, diz.
O dirigente pede por isso ao Governo que dê um sinal positivo que termine com as várias greves no sector. “É preciso que este braço-de-ferro termine e que esse sinal seja enviado para o interior das escolas”, remata Filinto Lima que admite que não é fácil para ninguém entender dois meses de greve.
Entre os dias 1 de janeiro e 8 de fevereiro, verificou-se uma subida acentuada do número de queixas contra a tutela, um crescimento na ordem dos 400%, em comparação com o período homólogo de 2022.
Entre os principais motivos de reclamação deste ano, 53% aponta a greve dos professores e o impasse gerado com a tutela como a causa do problema relatado na plataforma e 34% das queixas denuncia a falta de professores para lecionar.
De acordo com os dados do Portal da Queixa, o número das reclamações dirigidas ao Ministério da Educação tem vindo a registar uma variação crescente. Em 2021, foram apresentadas 332 reclamações e, no ano passado, foram registadas 357 queixas.
Os indicadores na plataforma revelam que o Ministério da Educação é uma das entidades públicas com uma boa performance pelo Índice de Satisfação obtido, que está avaliado pelos consumidores em 70.7 (em 100), já a Taxa de Resposta é de 85,5%.